Perante uma confirmada subida do número de casos de violência sexual sobre menores, e perante a "tradição" de não denunciar os agressores quando estes integram a família, Arnaldo Camalocongue apela para que os familiares façam as denúncias sem temer e apontou este como o melhor caminho para combater este problema que tem na sociedade angolana um forte peso.

A questão do agravamento das penas para os autores de violência sexual contra menores é, segundo declarações de Camalocongue à Angop, essencial para "desencorajar tais práticas", mas adiantou que a sensibilização é igualmente importante, através de campanhas de âmbito nacional, através de palestras, entre outras modalidades.

"A família, enquanto grupo, deve estar unida, traçar objectivos, defender causas e pautar pela educação dos filhos em todas as fases da vida, a fim de que aprendam, já desde pequeno, a conhecer, conviver, entender e respeitar o próximo", afirmou.

Os números mais recentes que existem em Angola são sobre a província de Luanda e referem-se aos últimos dois meses de 2015, onde foram registados cerca de 130 casos.

Mas o Instituto Nacional da Criança (INAC), contou, em 2015, cerca de duas centenas no país, números que ficam reconhecidamente muito aquém da realidade, porque apenas aqueles que são registados pelas autoridades podem ser contabilizados.

Mas é ainda de sublinhar, como o Novo Jornal Online relatou na passada semana, o aumento das circunstâncias propícias ao abuso sexual de crianças, como são o abandono do seio familiar por causa das dificuldades económicas crescentes no país, reflectindo-se isso, por exemplo, nas ruas de Luanda, onde os meninos de rua são cada vez em maior número.