Intitulado Canto terceiro da sereia, o encanto, o CD faz parte de uma trilogia musical, iniciada nos anos de 1990, com inspiração na Kianda, figura mitológica dos pescadores da Ilha de Luanda.

Descrito como "uma ópera jazz que têm como pano de fundo as memórias de um tripulante em navios da antiga marinha mercante e de um seu irmão, condutor de uma máquina a vapor na antiga linha férrea do Amboim", o Canto terceiro da sereia, o encanto conta com a participação de cantores como Toty Sa"med, Gari Sinedima, Jay Lorenzo, Selda, Anabela Aya, entre outros.

Em breves declarações ao Novo Jornal, Filipe Zau, um dos co-autores, explica que a presença no disco de jovens artistas se deve ao facto de, ao longo da trilogia, se ter procurado sempre "marcar o projecto por gerações".

Com uma edição da Alende (Angola) e Perfil Criativo (Portugal), o Canto terceiro da sereia, o encanto foi gravado, entre 2014 e 2019, em estúdios de Luanda, Paris, Amesterdão, Lisboa, Faro e Los Angeles.

O CD será lançado primeiro em Portugal (sem a presença dos dois autores) devido às limitações resultantes da Covid-19, visto que a sua apresentação em Luanda, inicialmente marcada para Março, está adiada em virtude dos «estragos» da pandemia.

«Marítimos», o livro de história

Também no sábado, 26 de Setembro, às 15h30, no auditório da UCCLA, em Lisboa, Portugal, será lançado o livro Marítimos, da autoria de Filipe Zau.

Trata-se da terceira versão de uma obra de história que se diferencia das duas primeiras devido aos novos documentos a que o autor teve acesso, mediante a consulta ao acervo da Associação Tchiweka de Documentação (ATD), organização afecta aos filhos do nacionalista Lúcio Lara.

"É um livro de investigação científica na área da Sociologia Histórica e Sociologia Política", considera Filipe Zau, em declarações ao Novo Jornal, antes de revelar que, à semelhança do CD, o livro também deverá ser lançado em Luanda.

O livro Marítimos é descrito pela editora como uma peça artística com a história dos africanos em Portugal, em especial dos marinheiros africanos e a sua participação na ruptura com o regime colonial português.

Marítimos começa com uma extensa selecção das fichas dos sócios Clube Marítimo Africano, descobertas no Arquivo Lúcio Lara, seguindo-se, entre outros, capítulos com títulos como Escravos e aristocratas negros em Portugal, Associações de africanos em Portugal e Acção clandestina e prisões políticas.