Há muito que os analistas, como o major-general Agostinho Costa, sublinham que a AIEA é uma Organização comprometida pela infiltração de elementos das secretas ocidentais, incluindo a CIA, o MI6 britânico e a Mossad israelita, mas agora essa brecha parece mais evidente que nunca.

Uma demonstração disso mesmo é a forma como Rafael Grossi (na foto), o chefe da AIEA, veio, mesmo depois de os EUA terem despejado as suas bombas gigantes GBU-57 MOB sobre as infra-estruturas do programa nuclear iraniano, garantindo a sua "total obliteração", apesar de existirem dúvidas quando a esse resultado, garantir que Teerão continua muito perto de obter uma arma nuclear.

Esta afirmação de Grossi está a ser encarada como uma demonstração de que a tese sobre o cessar-fogo imposto por Donald Trump para a "Guerra dos 12 dias" não ser mais que um intervalo para Israel se refazer de forma a voltar a atacar o Irão até conseguir o derrube do regime teocrático dos aiatolas liderado pelo aiatila Ali Khamenei, de 86 anos.

Isto, porque a questão do acesso iminente à bomba atómica é cada vez mais claro que é a justificação que permitiu o ataque de 13 de Junho de forma a fazer desmoronar o regime em Teerão, e essa "razão" pode, após as palavras de Rafael Grossi, voltar agora ser usado.

Todo este xadrez ganha robustez enquanto explicação porque é agora sabido que os EUA estavam alinhados com Israel aquando dos ataques (ver links em baixo) e, como apontou enfurecido o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araghchi, usaram as pseudo negociações para levar o Irão a baixar a atenção e os "radares" para um eventual ataque israelita.

Essa a razão pela qual, como avança a Lusa, o Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, justificar esta segunda-feira, 30, o rompimento da cooperação do Irão com a AIEA com "a conduta injustificada, não construtiva e destrutiva" do chefe desta agência autónoma da ONU.

"A opinião do Governo, da Assembleia Consultiva Islâmica e da nação iraniana é que o diretor-geral da AIEA não agiu de forma imparcial em relação ao programa nuclear do nosso país", disse Pezeshkian.

Segundo um comunicado do gabinete do Presidente do Irão, Pezeshkian fez os comentários sobre Rafael Grossi durante uma conversa telefónica que manteve no domingo à noite com o homólogo francês, Emmanuel Macron.

Pezeshkian disse a Macron que a recente decisão do parlamento iraniano de romper a cooperação com a AIEA "é uma resposta natural à conduta injustificada, não construtiva e destrutiva" que atribuiu a Grossi.

O Presidente iraniano acusou Grossi de "fornecer relatórios falsos sobre o programa nuclear" do Irão e de não ter condenado os recentes ataques de Israel e dos Estados Unidos contra as instalações nucleares da República Islâmica.

"Este comportamento não é de forma alguma aceitável para nós", afirmou, citado pela agência noticiosa oficial iraniana IRNA.

Entretanto, as autoridades iranianas avançaram agora com um novo balanço para as mortes no país em resultado dos ataques israelitas, apontando para pelo menos 935 morts no Irão durante a guerra de 12 dias com Israel, que terminou a 24 de junho, avança a Lusa citando a agência oficial iraniana Irna.

"Durante a guerra de 12 dias travada pelo regime sionista contra o nosso país, 935 mártires foram identificados até agora", entre os quais 132 mulheres, "algumas das quais estavam grávidas" e 38 crianças, declarou a agência, citando o porta-voz do poder judicial, Asghar Jahangir.

O responsável expressou condolências aos familiares dos mortos causados por "esta guerra imposta", informou a agência de notícias iraniana IRNA.

Jahangir salientou ainda que Israel "falhou" em alcançar os seus objetivos, argumentando que o conflito terminou com "uma derrota histórica" às mãos das forças do Irão.