Os mercados demoraram a reagir à informação veiculada pela CNN Internacional sobre dados recolhidos pela intelligentsia norte-americana quanto à preparação israelita para um ataque às infra-estruturas iranianas de enriquecimento de urânio.

E não é para menos, porque esta notícia coincide com um momento especialmente dramático em Israel, que, devido ao aumento da sua pressão sobre a população de Gaza, está a ter uma forte contestação internacional, o que está a permitir aliviar o stresse no Governo israelita, desviando as atenções do mortífero bloqueio ao território, como o alertam diversos relatórios da ONU.

Mas, aparentemente, os analistas dos mercados petrolíferos começaram a ver solidez nas suspeitas da secreta norte-americana e a reacção foi imediata com o barril de Brent a subir quase 2% já esta tarde de quarta-feira, 21.

Essa subida, que chegou aos 66, 60 USD, acabou por arrefecer e perto das 14:40, hora de Luanda, o barril de Brent estava a valer 65,92, ainda assim uma subida de 0,90 % face ao fecho de terça, 20,

No entanto, se começarem a surgir dados mais concretos no sentido de credibilizar esta informação da intelligentsia dos EUA, é natural que os mercados voltem a carregar no verde, porque o Irão é um dos grandes exportadores do mundo, apesar das sanções a que está sujeito, precisamente devido ao seu programa nuclear.

Todavia, em condições normais, sem dúvidas acrescidas sobre a razão para a divulgação de ste tipo de informação, os preços teriam já mexido bastante mais, sendo, por isso, claro que os mercados estão a olhar para as notícias como possível manobra de distracção para a situação aflitiva que se vive em Gaza e para aliviar a tensão e a pressão sobre o Governo de Telavive.

Seja como for, esta subida é ainda escassa no que toca ás necessidades urgentes de Angola, que começa a observar o prolongamento no tempo do preço do Brent bastante abaixo, cerca de 5 USD em média, do valor de referência médio usado pelo Executivo para elaborar o OGE 2025, que foi de 70 USD.

Estas notícias têm ainda um elemento de surpresa porque surgem num momento em que os EUA e o Irão estão a realizar conversações sobre o programa nuclear de Teerão, com Washington a elogiar o decurso dos trabalho, o que deixa muitas dúvidas sobre a razoabilidade de um ataque israelita neste momento.

Até porque, numa altura em que até os principais aliados europeus de Telavive, como o Reino Unido e a França, criticam fortemente a violência desmedida sobre a população de Gaza e a mortandade que parece não ter fim (ver links em baixo), o risco de isso prejudicar as relações com os EUA seria gigantesco.