Segundo o ministro das Telecomunicações e Tecnologias da Informação, o Angosat-2 vai custar 320 milhões de dólares num negócio que envolve os primeiros fabricantes do satélite de telecomunicações e cujo contrato pressupunha, como o NJOnline avançou em Fevereiro de 2018, a construção de um novo em caso de falhanço daquele que deveria ser o trampolim de Angola para o grupo de Nações com presença no espaço.

Recorde-se que o Angosat-1 foi lançado a 26 de Dezembro de 2017 no cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, evidenciando problemas de funcionamento desde as primeiras horas com a perda de ligação entre o centro de comando russo e o aparelho em órbita.

Por fim, em Fevereiro de 2018, o Angosat-1 foi dado como morto e enterrado nas profundezas do espaço, sem remédio mas com Angola a garantir que a sua parte financeira estava salva por um sólido contrato e um seguro de 121 milhões de dólares.

O contrato, salvaguardado pelo seguro, obrigava os russos da Rosoboronexport, empresa estatal responsável pela exportações militares russas, que contratou à igualmente russa RSC Energia, empresa que lidera o consórcio responsável pela construção do engenho, a fornecerem um novo satélite sem custos adicionais para a parte angolana.

Na altura, a informação que existia, profusamente divulgada pela imprensa russa, era a de que o novo satélite angolano iria ser construído também pelo consórcio liderado pela RSC Energia e seria fornecido a Angola já em órbita, com melhorias técnicas incorporadas em relação ao Angosat-1, mas sem a imposição de pagamentos adicionais por parte do Governo angolano.

Mas, apesar de Angola e Rússia, como também foi noticiado pelo NJONline, terem iniciado logo em Fevereiro de 2018 as negociações para avançar com a construção de um novo engenho espacial de telecomunicações, com uma delegação a partir de Luanda para Moscovo com a missão de clarificar tudo e definir os termos técnicos da construção do novo Angosat, agora, como avançou, em entrevista ao Jornal de Angola, o ministro José Carvalho da Rocha, a construção do satélite está a cargo da corporação pan-europeia Airbus.

Recorde-se que Angola já tinha em carteira vários contratos com países africanos para utilização do satélite.

Angosat passa da mãos dos russos para as fábricas da Airbus

Segundo o compromisso, citado pelo jornal russo "Kommersant", o Angosat-1 estava coberto por um seguro de 121 milhões de dólares - valor assumido em partes iguais pelas empresas SOGAZ e VTB - montante suficiente para garantir a sua construção sem nenhum rombo nas contas da RSC Energia, empresa que lidera o consórcio russo responsável pela construção do engenho.

Embora os 121 milhões de dólares sejam quase metade dos 320 milhões investidos por Angola no AngoSat-1, esta verba, segundo as contas feitas na altura, deveria ser suficiente para garantir o AngoSat-2, calculava a imprensa russa - perante aquilo que era à época um silêncio estanho pela parte angolana - tendo em conta que as despesas com as infra-estruturas já foram realizadas.

Depois, com a profusão de notícias sobre o falhanço do envio para o espaço do Angosat-1, também o ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, José Carvalho da Rocha, veio a público garantir que a parte angolana não sairia prejudicada porque o acordo acautelava os interesses do país.

"O contrato prevê todos os extremos e, nesta indústria, todos os riscos são acautelados, desde a construção, lançamento e transporte. Todas essas etapas estão asseguradas", assegurou o governante, em Fevereiro de 2018, em entrevista ao NJOnline.

Agora, na entrevista publicada na segunda-feira pelo Jornal de Angola, o Angosat-2 começou a ser construído em Abril de 2018 pela Airbus, num processo em que o Governo angolano não tornou públicos quaisquer dados sobre esta alteração ao que estava programado, que era o engenho sair, novamente, da indústria espacial russa.

Ao que parece, segundo se sabe agora, a Rússia vai partricipar com o envio do engenho para o espaço quando este estiver pronto para tal, em 2021.

Igualmente por explicar na entrevista ao JA fica o porquê de o satélite ter passado das mãos da indústria espacial russa para as fábricas da pan-europeia Airbus, uma corporação que agrega países como a França, a Alemanha, Espanha ou a Holanda, entre outros.

O governante disse ainda que a acompanhar a construção do novo satélite está uma equipa alargada de técnicos angolanos.

Sobre o Angosat-1, ao que sabe o ministro, este permanece em órbita mas é já "um caso para esquecer".