Depois de meia década de prejuízos financeiros, o Banco de Poupança e Crédito (BPC) vai regressar aos lucros no final de 2021, assim indica, pelo menos, o Plano de Recapitalização e Reestruturação daquela instituição bancária, apresentado quinta-feira, 4, pelo presidente do Conselho de Administração, André Lopes.

Para 2021, estão previstos lucros na ordem dos 166,9 mil milhões de kwanzas nas demonstrações financeiras do banco.

Os dados do Plano de Recapitalização e Reestruturação do BPC salientam que o banco irá encerrar 2020 com resultado negativo de 61,5 mil milhões de Kwanzas, sendo, por esse motivo, o seu quinto prejuízo financeiro consecutivo, observou o Novo Jornal. Visto que, em 2019 a instituição registou resultado negativo de 90 mil milhões Kz, no ano anterior, em 2018, as perdas foram de 18,6 mil milhões Kz, enquanto em 2016 e 2017 os prejuízos rondaram os 73,1 mil milhões de kwanzas e 21,6 mil milhões Kz, respectivamente.

Para se evitar que o banco volte a registar prejuízo depois de 2020, o PCA do BPC explicou que será necessário que os seus accionistas, entre 2021 e 2022, façam uma recapitalização na ordem dos 188,6 mil milhões Kz, sendo que, no primeiro ano, devem ser aplicados 108,2 mil milhões Kz e, no segundo, 80,4 mil milhões. "Em 2020, o banco vai continuar com prejuízos resultantes das imparidades", garantiu André Lopes.

O BPC já beneficiou, este ano, de uma recapitalização de pouco mais de 880,1 mil milhões Kz, o que significa que até 2022, tendo em conta os 188,6 mil milhões de recebimentos previstos, poderá encaixar 1.068 biliões dos seus accionistas em forma de recapitalização, para cobrir as imparidades de 1.038 biliões de kwanzas registadas nas demonstrações financeiras de 2019.

IGAPE controla 37,3% das acções do banco

Os 880,1 mil milhões de kwanzas foram distribuídos pelo accionista Ministério das Finanças, com 163,7 mil milhões de Kz, em Obrigações do Tesouro e pelo Instituto de Gestão de Activos e Participação do Estado (IGAPE), com 396 mil milhões Kz, dos quais, 15 mil milhões Kz em dinheiro "fresco" e 381 mil milhões em títulos. A operação permitiu àquela entidade tornar-se accionista do BPC.

O IGAPE passa, assim, a controlar 37,3% das acções do banco. Para a entrada do novo accionista no capital do banco, foram diluídos a favor do IGAPE 21,7% dos 75% de acções que o Estado, via Ministério das Finanças, tinha directamente no BPC, o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) perdeu 9,4% dos 15% de acções que detinha, enquanto à Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas (CSS) foi diluída 6,3% dos 10% que possuía.

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