Os australianos da Lucapa, que têm na sua mina angolana do Lulo a principal fonte de pedras de grande qualidade, como foi o caso do maior diamante jamais produzido em Angola, com 404 quilates, em 2016, e a pedra que agora anunciaram é a 14ª com mais de 100 quilates ali encontrada desde que a produção foi iniciada em 2015.

Segundo o comunicado da Lucapa Diamond Company, este mais recente diamante de grandes dimensões e qualidade foi encontrado no bloco 9, o mesmo onde em Fevereiro de 2016 foi extraído a pedra de 404 quilates que se revelou como a maior de sempre em solo angolano, e em mais de 100 anos de indústria diamantífera.

Recorde-se que esse mesmo diamante foi vendido pela Sodiam, então submetida à obrigatoriedade legal de vender a produção nacional a clientes privilegiados - a nova lei já não impõe que tal suceda - à empresa suíça de luxo, De Grisogono, que fora adquirida pela empresária angolana Isabel dos Santos e pelo seu marido, Sindika Dokolo, por 16 milhões USD, entretanto transformada numa jóia rara de 163 quilates e leiloada pelas Christie"s, em Genebra, por mais de 33 milhões de dólares.

Com a mudança da lei, foi igualmente do Lulo que chegaram a Luanda os diamantes que permitiram o primeiro leilão internacional realizado em solo angolano,

O CEO da Lucapa, Stephen Wetherall, fez saber em nota divulgada à imprensa que esta descoberta de mais um diamante de grandes dimensões no Lulo "é um arranque de ano auspicioso" quando a empresa "continua empenhada em aumentar a sua produção no Lulo".

Recorde-se que, como o próprio Wetherelll já disse por diversas vezes, a Lucapa mantém a todo o vapor o esforço para encontrar o kimberlito que potencialmente é a origem de todas as pedras gigantes que têm sido extraídas do Lulo.

Isto, porque sendo estes diamantes todos retirados do leito dos rios, ou seja, pedras de aluvião, a sua origem devera estar situada algures num kimberlito - que é a chaminé pela qual a natureza transporta estas jóias, fruto de enormes pressões e temperaturas, das profundezas da terra para o exterior - a montante dos cursos de água que atravessam o couto mineiro do Lulo, composto por mais de 3 mil quilómetros quadrados de território na província da Lunda Norte.

Outra das particularidades desta empreitada da Lucapa, que tem ainda outra mina geradora de gemas gigantes no Botsuana, é que, quando deu início à gestão do Lulo, não estava equipada com as máquinas necessárias para a detecção de diamantes de grandes dimensões, tendo sido obrigada em 2017 a equipar-se com tecnologia mais moderna e eficaz - denominada XRT - para encontrar os gigantes que estavam a sair do subsolo.

E foi isso que permitiu que o Lulo ficasse igualmente conhecido como o couto mineiro atravessa por uma "estrada dos diamantes" porque feita de entulhos onde poderiam, e podem ainda, estar alguns dos diamantes maiores do mundo.

Isto, porque essa mesma estrada, foi construída com os detritos provenientes da exploração diamantífera ao longo dos vários meses anteriores.

E há pelo menos um estudo que aponta para um mínimo de 80 mil quilates ainda depositados nesta mina da Lunda Norte, alguns deles coloridos e raros.