A privatização da Empresa Nacional de Pontes (ENP) permitiu ao Ministério da Construção e Obras Públicas, que detinha a tutela, o encaixe financeiro de dois milhões de dólares.

A privatização promete ainda pôr um ponto final na luta dos trabalhadores que têm vindo a público denunciar os mais de quatro anos de salários em atraso, e que ainda em Agosto apelaram à intervenção do Presidente da República, João Lourenço, quando saíram à rua em mais uma manifestação exigindo o pagamento dos valores.

"Socorro, estamos a morrer", lia-se de um lado, "Pedimos ajuda do senhor Presidente da República e à sociedade em geral", lia-se do outro.

Os actuais accionistas já deixaram a garantia do pagamento dos salários em atraso.

No dia 26 de Fevereiro, o NJOnline avançou que o Ministério da Construção e Obras Públicas estava a negociar uma parceria com uma empresa privada chinesa para sanear as contas da Empresa Nacional de Pontes, cujas dívidas salariais aos cerca de 400 funcionários se acumulavam há mais de quatro anos.

A ENP é uma das 74 empresas que constavam na lista das empresas públicas a privatizar.

A secretária de Estado para Finanças e Tesouro, Vera Daves, afirmou, esta semana, que "nos próximos tempos", serão várias as companhias e empresas públicas a privatizar, a maioria delas ligadas ao sector industrial, processo que será antecedido por um concurso público "rigoroso".

O processo está a ser elaborado por uma comissão de preparação e execução do procedimento de privatização em bolsa das empresas públicas de referência, coordenada pelo ministro de Estado e do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior, e criada a 20 de Fevereiro deste ano pelo Presidente da República, João Lourenço.

A comissão, que integra ainda os ministros das Finanças e da Economia e Planeamento, teve por missão garantir a integridade dos setores estratégicos do Estado e assegurar o redimensionamento do sector empresarial público, o aumento da eficiência, da produtividade e competitividade da economia das empresas.