Sem meios para movimentar pequenas parcelas agrícolas, nada surpreendente num país a importar quase tudo, mas com vontade de lutar pela sobrevivência das suas famílias. Assim se descreve a realidade de centenas de mulheres no conhecido vale do Cavaco, arredores da cidade de Benguela, de onde saía a banana que Angola exportava para Portugal, já lá vão mais de 40 anos, quando a área total era de seis mil hectares.

Algo envergonhada nos primeiros minutos da hora e meia de contacto com a reportagem do Novo Jornal, com um olho nas hortícolas do patrão e outro no seu talhão, a senhora Judith Nascimento, na casa dos 50 anos de idade, explica que o trabalho no vale agrícola, sem direito a salário, decorre normalmente.

Os donos das fazendas, segundo Judith e outras colegas, compensam com uma pequena parcela de terra, com entre 70 e 100 metros, o esforço das mulheres que ajudam a desenvolver as suas culturas.

"Estou aqui há 4 anos, levo a minha vida desta forma. Tiramos dali, com as nossas próprias sementes, o sustento de casa", avança outra camponesa, a senhora Dionísia, que pensa apenas em conseguir alimentos e suportar os estudos das crianças.

Couve, beringela, milho, batata-doce e banana são os produtos em colheita nos dois mil e quinhentos hectares que resistiram à ocupação de terrenos para a construção de casas e à falta de água, contornada, há cinco anos, graças ao investimento na reabilitação do complexo hídrico do Dungo, município do Cubal.

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