São milhões e milhões de documentos que escaparam de paraísos fiscais que este consórcio de jornalistas de todo o mundo acaba de dar a conhecer, sendo que, como sempre ocorre, cada país onde jornalistas nacionais estão integrados no trabalho de pesquisa dos documentos, chama para a primeira linha das notícias os escândalos desses mesmos países, o que deixa Angola sem grande informação inicialmente mas que o ICIJ, no mapa que mostra no seu site, coloca no grupo dos países com pessoas relacionadas com os documentos investigados.

O Novo Jornal trará, o mais breve possível, informação relacionada com os casos que estejam directamente ou indirectamente relacionados com Angola, até porque o País surge no mapa das geografias relacionadas com esta investigação.

Mas, para já, o nome que mais está a chamar a atenção para mais esta mega fuga de informação é o do antigo primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, que terá beneficiado de uma lucrativa transacção para a compra de uma propriedade, "poupando" mais de 320 mil euros de uma pernada, ao mesmo tempo que dá a cara por uma organização que contraria este tipo de comportamento.

O Presidente russo, o Rei da Jordânia, o Presidente da Ucrânia, do Quénia, do Equador, ou o primeiro-ministro d República Checa, integram ainda as figuras cimeiras desta fase inicial da divulgação dos implicados em esquemas expostos agora pelos Pandora Papers.

São pelo menos 35 actuais ou antigos lideres mundiais e mais de 330 polítricos com cargos de poder implicados em mais este escândalo, que surge espalhado por 91 países, atingindo uma dimensão largamente superior a dos Panama Papers, Paradise Papers ou do Luanda Leaks.

O ICIJ, através de 600 jornalistas de 150 media, trabalhou perto de 11,9 milhões de documentos confidenciais ao longo os últimos dois anos, surgindo agora com mais uma monumental exposição dos benefícios que políticos e homens de negócios conseguem obter através de esquemas baseados em paraísos fiscais.

The Washington Post, o Expresso, de Portugal, a BBC, The Guardian, Radio France, Oštro Croatia, Indian Express, The Standard (Zimbabué), o marroquino Le Desk ou o El Universo, do Equador, são alguns dos media que integram este esforço global de exposição de esquemas que, embora não sendo todos ilegais, mostram uma enorme margem de imoralidade na forma de obter benefícios a partir de posições de poder ou de riqueza acumulada com a qual manuseiam as brechas nos edifícios legais dos seus países.

Numa realidade que é mais próxima de Angola, Portugal, três políticos bem conhecidos surgem neste esquema. São eles Nuno Morais Sarmento, ligado ao PSD, Manuel Pinho, antigo ministro do PS, e Vitalino Canas, conhecido político do PS.

Esta investigação partou de uma gigantesca fuga a partir de 14 sociedades secretas de advogados e, além de políticos e homens de negócios, abrange ainda artistas e desportistas conhecidos.

A informação disponível nestas primeiras horas de exposição deste escândalo com 2,94 terabytes, contra os 2,6 terabytes dos Panama Papers (2016), permite perceber que envolve, além dos já citados, o ex-director-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, o Presidente chileno Sebatián Piñera; o ministro brasileiro da Economia, Paulo Guedes, os cantores Julio Iglesias e Shakira ou o treinador Pep Guardiola.