Segundo a AIE, o mundo vai consumir menos 435 mil barris de petróleo por dia neste arranque do ano, em média, em consequência da quebra na economia chinesa, que é a maior consumidora de crude em todo o mundo e é a segunda maior economia do mundo, logo a seguir à dos Estados Unidos da América.

Uma queda desta dimensão na procura por petróleo não era vista em mais de 10 anos, sublinha a AIE como forma de demonstrar a gravidade destes dados para a economia mundial.

Isto, apesar de o Fundo Monetário Internacional (FMI), apesar de admitir o impacto da epidemia na economia da China e do resto do mundo, antever um crescimento do PIB chinês para este ano de 6%.

Por detrás desta realidade está a desvitalização da economia do gigante asiático, com muitas fábricas, algumas das maiores do mundo, como da Apple, entre outras marcas de referência mundial, a fecharem as portas, com a maioria das companhias aéreas a suspenderem as suas rotas de e para a China, e com milhões de pessoas impedidas de se deslocarem internamente como medida profiláctica activada pelas autoridades chinesas para estancar a progressão da epidemia.

O ramo exportador chinês, que inclui ainda a indústria automóvel, com a BMW e outras marcas a procederem igualmente ao fecho temporário das suas unidades de produção, foi especialmente afectado e isso traduz-se de imediato numa baixa de consumo de crude, sendo que o Governo de Pequim, segundo fontes citadas pelas agências, admite que está a observar um decréscimo de 20% no consumo nacional de petróleo em comparação com igual período do ano passado.

O dado mais recente a sublinhar a gravidade da situação foi a ordem emitida para todas as universidades da China continental para que os estudantes e os professores estrangeiros regressem o mais rapidamente possível aos seus países.

Face a este cenário, a AIE, no seu último relatório, procedeu ainda a outro reajustamento das suas previsões, baixando a previsão de aumento da procura anual para 2020 em 360 mil barris por dia, para 820 mil, num consumo médio de 100,7 milhões de barris por dia, segundo dados de finais de 2019.

Neste contexto, e com o aumento brutal de novos casos registados na quarta-feira - mais 15 mil infecções num só dia e 245 mortes -, o barril de petróleo em Londres, no Brent, sofreu um novo revés, contrariando as boas notícias do início da semana, onde foi registado um aumento de mais de 2 por cento, para cima da fasquia dos 55 USD, que foi o valor de referência usado pelo Governo angolano para elaborar o OGE 2020.

Hoje, o barril de Brent, cerca das 11:35, estava a valer 55,15 USD, menos 1,07 por cento que no fecho de quarta-feira e com tendência para intensificar as perdas devido às notícias de agravamento da epidemia na China.

A resposta da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e a sua extensão à Rússia e outro não-membros na OPEP+, está a ser analisada e em cima da mesa está uma intensificação do programa de cortes na produção que está em vigor, como o NJOnlne explicava na quarta-feira.