Depois de o Instituto Americano do Petróleo ter anunciado, contra todas as expectativas, um aumento enorme dos stocks em 8,4 milhões de barris, quando os analistas previam uma diminuição, os mercados petrolíferos entrarem numa espécie de torpor e acabaram por regir com uma forte baixa no valor do barril, tanto em Londres, onde o Brent local deine o valor médio das exportações angolanas, como no WTI de Nova Iorque, o mais importante mercado de referência norte-americano.

Este inesperado aumento da matéria-prima em stock nos EUA indica que a maior economia do mundo não está a sair da crise gerada pela pandemia de forma célere como chegou a ser consensual entre os principais analistas e economistas, especialmente depois de o Presidente Donald Trump ter anunciado o desconfinamento bem como as outras mais pesadas medidas restritivas para contar a expansão da Covid-19.

E, o efeito colateral imediato, é a conclusão de que também a China, a segunda maior economia planetária e o maior importador de crude, que tem nos EUA o grande, ou um dos maiores, receptor da sua produção industrial , também poderá estar a enfrentar problemas para arrancar no pós-pandemia, tendo inclusive anunciado uma quase total normalização do consumo de energia à já duas semanas.

Face a isto, como era inevitável, o barril de Brent caiu de forma abrupta hoje mais de 2%, para os 40,23 USD, cerca das 12:00, nos contratos de Agosto, enquanto o WTI perdia ainda mais, cerca de 2,45%, para 37,9 dólares por barril, à mesma hora, mas ainda paa contratos referentes a Julho.

Porém, estes valores não escondem as boas semanas de Maio que o sector teve, conseguindo mesmo uma forte recuperação face às perdas de 70% por causa da crise nos primeiros três meses do ano.

Porém, como tem estado a ser sublinhado por analistas de sites especializados e ouvidos por agências, uma das principais barreiras a um melhor desempenho da matéria-prima é a indefinição do que vai fazer a OPEP+ após Julho, quando termina o acordo de cortes na produção.

Os membros do "cartel" vão ou não prolongar os cortes de 9,7 mbpd, vai ou não ser alterado este valor? A resposta a estas duas questões será decisiva.

Isto, porque a pandemia e a subsequente crise económica gerou uma perda de 30 mbpd no consumo, cavando um buraco de 30 mbpd em excesso de oferta a partir da produção pré-pandémica de 100 mbpd, enquanto os cortes em vigor apenas cobrem 10 mbpd, estando o resto dependente da recuperação do consumo, que, como agora a Goldman Sachs adverte, pode estar a ser mais lenta que o esperado.