Depois de apontar como prognóstico para os primeiros três meses de 2021 uma recuperação diária na ordem dos 1,5 milhões de barris por dia, a OPEP vem agora rectificar os cálculos e defender que essa recuperação será muito menor, não ultrapassando os 500 mil bpd.

Curiosamente, estes 500 mil bpd é o valor que a organização vai acrescentar à sua produção diária já a partir de 01 de Janeiro, em conjunto com os 10 não-membros liderados pela Rússia com interesses agregados na denominada OPEP+, como ficou acordado na reunião ministerial que teve lugar em Novembro.

Recorde-se que a OPEP+ tem em curso, desde Março, um plano de cortes de 7,7 milhões de barris por dia (mbpd) e o programa original apontava para uma diminuição nesse volume para os 5,7 mbpd a partir do arranque de 2021, que foi alterado devido ao prolongar da crise pandémica para lá do inicialmente estimado, com apenas 500 mil barris acrescentados diariamente até finais de Março.

Entretanto, a OPEP divulgou igualmente a sua estimativa para a produção individual dos seus membros e no que diz respeito a Angola, as notícias não são as melhores, destacando que a produção nacional, em Novembro, ficou à beira dos 1,18 mbpd, muito longe dos tempos áureos dos 1,8 mbpd de 2008/2009, com a agravantes de este volume representar menos 6 mil bpd em relação a Outubro, mostrando uma perigosa e continuada quebra que tem como razões óbvias as quotas impostas e a degradação acumulada nos últimos anos da sua infra-estrutura produtiva devido ao desinvestimento das multinacionais a operar no País.

De sublinhar que o mês de Outubro já tinha observado uma quebra em relação a Setembro de mais de 50 mil bpd.

Estes valores são agregados em função de contagens indirectas de cargas, fontes secundárias, contrastando com as informações oficiais enviadas à sede do cartel, que apontam para valores mais altos, 1,219 mbpd.

A queda na produção nacional já era esperada mesmo antes do surgimento da pandemia, como avançou há dois anos a Agência Internacional de Energia, apontando que Angola era um dos países mais atingidos pelas estratégias de desinvestimento das "majors" devido aos desequilíbrios nos mercados no presente e no que é esperado no futuro, com a mudança de agulha das maiores economias para as energias limpas/alternativas.

O barril de Brent, que serve de referência para as exportações angolanas. Estava hoje a valorizar 0,46%, para os 50,52 USD em Londres, perto das 14:40, hora de Luanda, mostrando uma resiliência sólida apesar das notícias desencorajadoras relativas à evolução da pandemia da Covid-19, especialmente com o surgimento de uma temível mutação descoberta no Reino Unido que pode colocar em causa a eficácia das vacinas conhecidas.

Mesmo sem estas notícias, uma recuperação naprocura com relação directa com as vacinas, segundo alguns dos mais respeitados analistas, só poderá ser observada de forma sólida dentro de meses, para o fim de 2021.