Estes três temas estão actualmente em cima da mesa e com agendas não só próximas no calendário como igualmente próximas pela forma como se podem - ou vão - influenciar mutuamente e causar distúrbios planetários.

Irão-EUA

No que toca à ameaça de guerra ao Irão por parte dos Estados Unidos da América (EUA), e depois de, como o NJOnline explicou antes do ataque que esteve iminente e depois, com a procura de um caminho negocial, o que está em causa é o impacto que terá a eventual interrupção abrupta do trafego de 20% do petróleo consumido em todo o mundo pelo Estreito de Ormuz oriundo dos países do Golfo Pérsico, onde estão 55% das reservas mundiais da matéria-prima.

Se o cancelamento no último minuto do ataque ao Irão a partir das forças norte-americanas estacionadas naquela volátil região do Médio Oriente afastou, no imediato, o estalar da guerra, o tom de ameaça que permanece de um e outro lado, não permite sossegar o frenesi em que os mercados entraram nos últimos dias, com, por exemplo, o barril de Brent, em Londres, que determina o valor médio das exportações angolanas, a subir mais de 4 USD - está hoje, cerca das 10:00, a valer 64,49 USD.

China-EUA

O segundo pilar que pode tremer e abanar os mercados petrolíferos ou consolidar a sua estrutura é a guerra comercial que há meses a fio mantém os EUA e a China no fio da navalha, com troca de castigos tarifários entre Washington e Pequim, que levou, em 1ª instância, a que o barril de petróleo observasse a mais queda desde 2014 durante o mês de Maio, onde tombou, em pouco mais de uma semana, acima de 10 dólares.

Mas este pilar é aquele que, ao que tudo indica, deverá ser consolidado em breve, quando os Presidentes Donald Trump e Xi Jinping se encontrarem, como já está agendado, à margem do G20, Cimeira que junta à mesa as 20 maiores economias do mundo, que tem lugar entre 28 e 29 deste mês em Osaka, no Japão.

Porém, sendo aquele que tem sido mais importante para a evolução da economia global, é também aquele que é mais vigiado pelos mercados, porque se trata das duas maiores economias planetárias, cujo desempenho influi com severidade nas economias domésticas dos países exportadores de petróleo, altamente sensível a este duelo de titãs.

Trump precisa de vencer este duelo por razões de política interna eleitoral - as eleições presidenciais são em 2020 - e -em em cima da mesa um potencial aumento das tarifas dos produtos Made in China, que já ultrapassam os 250 mil milhões USD, e ainda o ataque ao gigante chinês das telecomunicações, Huawei.

Xi Jinping tem defendido que um acordo é possível e já mostrou disponibilidade para ceder nalguns pontos, mas atirou para o outro lado da mesa a garantia de que existem linhas vermelhas que Pequim não deixará trespassar, podendo esta necessidade de não surgir no fim da linha como derrotado - um e outro - conduzir a um prolongar das tensões que será um pesadelo para o negócio do petróleo, tendo o líder chinês um problema acrescido com os tumultos recentes em Hong Kong, que o impedem de admitir a possibilidade de mostrar quaisquer sinais de fragilidade.

Para já sabe-se que esta guerra comercial está a afundar as duas economias, a americana com especial incidência no sector agro-industrial e a chine na sua indústria exportadora, o que praticamente retira a um e outro espaço para deixar fugir um acordo que permita, pelo menos, atirar uma solução definitiva para daqui a uns meses, deixando de lado a ameaça de elevar para mais 300 mil milhões as tarifas extra sobre os bens importados da China.

OPEP+Rússia

O terceiro pilar que pode oscilar em breve é aquele em que assenta a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e a Rússia e outros produtores, a OPEP+, no dia 01 de Julho, onde os membros vão ter como ponto cimeiro da agenda de trabalhos a análise ao programa de cortes na produção que vigora desde 01 de Janeiro desde ano, que retira 1,2milhões de barris por dia à oferta de crude para controlar o preço do barril e evitar a sua derrocada.

Em Dezembro do ano passado, a OPEP+ decidiu que este acordo seria reanalisado a meio do ano e é isso que vai ser feito, podendo, como possibilidade, terminar ou manter o plano de cortes na produção.

Ao que tudo indica, tendo em consideração as declarações dos ministros da Energia da Arábia Saudita, Khalid al-Falih, e da Rússia, Alexander Novak, no sentido em que representam os dois gigantes da produção mundial, partilhando o pódio com os EUA, todos acima de 11 milhões de barris por dia, o acordo que está actualmente em vigor deverá ser prolongado até final do ano como única forma de manter os preços estáveis.

Mas, essa análise de 01 de Julho tem como elemento de incerteza o que vai suceder com os outros dois pilares, porque se a tensão aumentar no Golfo Pérsico, pressionando em alta o petróleo, se a China e os EUA chegam a um acordo e acabam com a guerra comercial, ou o contrário destas duas possibilidades, em Viena de Áustria os lideres do "cartel" terão de agir em conformidade, não deixando de existir a possibilidade de nada justificar a manutenção dos cortes, mesmo que limitada.