A crescente lista de potenciais vacinas para a Covid-19, quase duas centenas em fase de testes em todo o mundo, prometidas para breve, algumas ainda para este ano, junta-se à tempestade tropical "Marco" e ao furacão "Laura" como "combustível" que está a levar o petróleo a atingir valores que já não eram vistos desde Março nos gráficos do Brent londrino.

A primeira razão, as putativas vacinas, empurram o barril para cima porque quando este "remédio" para a pandemia estiver disponível e comprovadamente eficaz, as maiores economias mundiais poderão respirar de alívio, apesar de estarem quase todas à beira de uma segunda vaga da Covid-19, sendo de lembrar que o novo coronavírus é o responsável da crise económica que o mundo enfrenta desde Janeiro, a maior desde o crash bolsista nos EUA em 1029.

E a segunda razão, o mau tempo que o "Marco" e a "Laura" levaram, em simultâneo, para o sul dos Estados Unidos, obrigou ao encerramento de mais de uma centena de plataformas no offshore do Golfo do México, impondo uma baixa avultada na produção diária norte-americana - mais de 1,5 milhões de barris por dia -, não só o maior produtor mundial actualmente, mas, ainda mais importante, o maior consumidor planetário.

As grandes preocupações dos "traders" do sector petrolífero desde o início da semana estão centradas nos efeitos do clima na produção dos EUA, mas este pode ser, como sublinham alguns analistas hoje, apenas um intervalo naquela que é a "suprema inquietação", que é nem mais nem menos que a procura de crude nas mais importantes economias.

E essa, a procura, depende em grade medida da evolução da pandemia que, desde Março, está a fazer esboroar a economia global a um ritmo nunca visto, deixando, por exemplo, centenas de companhias aéreas com os seus aviões todos em terra, e os transportes marítimos reduzidos a quase nada, sendo que estes sectores são responsáveis por 20% da procura mundial de petróleo.

Para além disso, como em Angola está bem presente, a pandemia levou ao confinamento de milhões de pessoas, o que acabou por ser sinónimo de economias fechadas e em perda, sendo disso um bom exemplo a Europa, com quebras no PIB em menos de 3 meses superiores a 20%, com reflexo imediato no consumo e na procura da matéria-prima.

Mas, para a economia angolana, que atravessa uma pesada e prolongada crise devido à sua ainda profunda dependência do petróleo, e que nos próximos meses vai ter de diminuir ainda mais a produção para se adequar às exigências dos acordos de cortes da OPEP+ - organismo que agrega a OPEP e um grupo de outros produtores liderados pela Rússia - compensando o que não reduziu em Julho e Agosto, como esta definido, podendo quedar-se nos 1,25 milhões de barris por dia, estes últimos dias são de relativo alívio.

Isto, porque o Brent está hoje, cerca das 10:40, a negociar - contrato de Outubro - o barril de crude nos 45,91 USD, um valor quase 13 dólares acima do valor de referência do OGE 2020 revisto, e representando um recorde desde Março último.