Os dados constam do documento estatístico do comércio externo do primeiro trimestre deste ano, elaborado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola, ao qual a Lusa teve hoje acesso, que refere que Portugal atingiu uma quota de 18,8% de total de importações angolanas (14,89% em todo o ano de 2016), equivalente a 94.389 milhões de kwanzas.

Apesar de ver as vendas para Angola aumentarem 40,5% em termos homólogos, o volume de negócios de Portugal caiu ligeiramente (-4,3%), face ao último trimestre de 2016.

Já as compras angolanas à China caíram quase 20% face ao primeiro trimestre de 2016, para uma quota agora de 11,5%, equivalente a um volume de negócios de 57.579 milhões de kwanzas.

O Reino Unido começou o ano de 2017 no terceiro lugar nas vendas a Angola, que subiram quase 125%, em termos homólogos, para uma quota de mercado de 8%, equivalente, em três meses, a 40.166 milhões de kwanzas.

No plano inverso, a China reforçou a posição de maior comprador das exportações de Angola, com uma quota de 62,6% no primeiro trimestre de 2017 (petróleo). Traduz-se em vendas de 858.280 milhões de kwanzas, um crescimento superior, em valor, a 97%, face às compras realizadas pela China no mesmo período de 2016.

A Índia surge no segundo lugar também aumentou as compras (quota de 6,5%) a Angola, que começaram o ano nos 89.460 milhões de kwanzas, seguida da África do Sul, com uma quota de 4,1%, comprando 56.570 milhões de kwanzas de exportações angolanas, um aumento de 51,3% face a 2016.

Portugal não consta do grupo de 10 principais destinos das exportações angolanas.

O novo Presidente angolano, João Lourenço, excluiu Portugal da lista de principais parceiros, no seu discurso de tomada de posse, a 26 de Setembro, sublinhando que Angola considerará todos que "respeitem" a soberania nacional.

"Angola dará primazia a importantes parceiros, tais como Estados Unidos da América, República Popular da China, a Federação Russa, a República Federativa do Brasil, a índia, o Japão, a Alemanha, a Espanha, a Franca, a Itália, o Reino Unido, a Coreia do Sul e outros parceiros não menos importantes, desde que respeitem a nossa soberania", disse João Lourenço.

O novo chefe de Estado não fez qualquer referência a Portugal, principal origem das importações angolanas, no seu primeiro discurso oficial, numa altura de tensão na relação entre os dois países, decorrendo investigações das autoridades portugueses a figuras do regime angolano.

"Devemos continuar a pugnar pela manutenção de relações de amizade e cooperação com todos os povos do mundo, na base dos princípios da não-ingerência nos assuntos internos e na reciprocidade de vantagens, operando com todo os países para salvaguarda da paz, da Justiça e do progresso da humanidade", disse ainda.

Globalmente, as exportações angolanas aumentaram 56,2% entre Janeiro e Março de 2017, face a 2016, para um volume de negócios total de 1,371 biliões de kwanzas, enquanto as importações aumentaram, igualmente em termos homólogos, 7,8%, chegando aos 502,4 mil milhões de kwanzas.