Em comunicado a petrolífera estatal informa que a refinaria será construída na planície de Malembo, cerca de 30 quilómetros a norte da cidade de Cabinda e os trabalhos para desminagem, tratamento do terreno para construção das infraestruturas de apoio terão início em Fevereiro.

A refinaria de Cabinda terá capacidade para processar, até finais de 2021, 30 mil barris dia, indica o comunicado, que explica que com a conclusão da segunda fase, prevista para 2023, a capacidade total de processamento diário será de 60 mil barris de crude, "devendo a terceira e última fase virar-se para a melhoria das especificações da produção dos principais produtos, nomeadamente gasolina, gasóleo, jet A1, LPG, querosene e fuel oil".

"A implementação da refinaria de Cabinda prevê a criação de cerca de 1600 postos de trabalho, dos quais 400 directos, assegurados na primeira fase, enquanto na segunda e terceira fases estão garantidos 1500 empregos, dos quais 300 directos", diz a Sonangol no mesmo comunicado.

Este acordo com a Gemcorp Capital foi estabelecido em Dezembro de 2019, depois de a petrolífera nacional ter rescindido um contrato que tinha assinado com a United Shine Ltd., entidade financeira com quem tinha chegado a acordo em Fevereiro de 2019.

Essa rescisão foi sustentada, explica a Sonangol, entre outras razões, por "incumprimento das acções acordadas e de não garantia de forma efectiva, incondicional e concreta" de pontos como a ausência até à data de "financiamento ou garantia para assegurar a implementação da refinaria de Cabinda".

O documento enviado ao NJOnline pela Sonangol em Dezembro explicava ainda que a United Shine Ltd. também não demonstrou "capacidade de preparação ou de execução das actividades essenciais no período acordado", que era de 24 meses.

Recordando que este parceiro foi escolhido depois de "um longo processo de selecção" de forma a garantir que este possuía "capacidade técnica e financeira", a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola sublinha que a United Shine nem sequer apresentou os estudos técnicos suplementares, "comercial e financeiro" que deveriam "suportar a concretização do projecto no prazo estabelecido".

Visto que a Sonangol está mandatada pelo Governo para coordenar a estratégia para a execução do projecto da Refinaria de Cabinda, no qual detém um interesse de cerca de 10 por cento do capital da sociedade, após a rescisão com a United Shine, encetou negociações com outros potenciais investidores.

E foi nesse processo de procura que encontrou a Gemcorp Capital LLP, com quem viria a assinar, a 30 de Outubro, um memorando de entendimento para "o financiamento e implementação do projecto", o que pressupõe a "garantia da realização dentro dos prazos faseados, 30 + 30, com financiamento garantido em respeito aos compromissos com o Estado e com a sociedade".

Sobre as ligações da Gemcorp Capital LLP. a Angola, pode ler estas notícias publicadas no NJOnline, aqui, aqui e ainda aqui, tendo o processo sido inciado desta forma. O projecto vai ser construído na planície do Malembo.

No concurso para a construção desta infra-estrutura, em 2017, o "desenho" contempla uma capacidade para 60 mil barris por dia, produção de derivados do petróleo, incluindo gasóleo, gasolina, fuel oil e Jet A1.

Este projecto integra o Plano Nacional de Desenvolvimento e tem como forte impulso a necessidade sentida pelo País em diminuir a importação de derivados de crude, estando integrada numa rede de novas refinarias que inclui ainda a do Soyo e do Lobito, estas duas últimas com capacidade para refinar 200 mil barris por dia, sendo que a do Lobito foi iniciada há anos e suspensa durante a administração de Isabel dos Santos na Sonangol, depois de ali terem sido gastos, segundo várias fontes, entre 6 a 8 mil milhões USD, de um projecto inicialmente concebido para custar cerca de 10 mil milhões.