O agora novo Presidente de Madagáscar, que assumiu o cargo numa cerimónia que teve lugar na câmara do Tribunal Constitucional, aproveitou as mais de duas semanas de protestos violentos dos milhares de jovens da "Geração Z" que saíram às ruas para afastar Andry Rajoelina, argumentando que o país tem de responder aos anseios da juventude.

Depois de obrigar o Presidente a sair do país, Michael Randrianirina soube com eficácia apanhar os ventos de mudança exigidos pelos milhares de jovens, já cunhados como a "Gen Z" que, tal como noutros países, de Marrocos ao Quénia, começam a tomar as ruas exigindo mudanças de Governo.

Este golpe militar já foi condenado pelas organizações regionais e continentais africanas, como a União Africana e a SADC, e também a ONU e alguns países, sendo de destacar a escassa reacção francesa, a antiga potência colonial.

Para já não se sabe qual o posicionamento do novo poder na geopolítica regional e global, embora a escassa reacção francesa permita antecipar que o golpe pode estar a ser bem recebido em Paris, embora seja cedo para ter certezas, ao contrário do que se passou com o Mali, o Burquina e o Níger, onde a mudança de agulha foi para a esfera de influência da Rússia.

Como referem os media internacionais, o novo Presidente, o coronel golpista Michael Randrianirina, é uma personalidade desconhecida, mesmo no contexto regional da África Austral, e a sua subida ao poder parece ser resultado das circunstâncias abruptas em que o poder estaria à beira de cair na rua.