O cientista foi abatido quando se deslocava numa caravana automóvel, dentro da cidade de Absard, próximo da capital do Irão, Teerão, por uma metralhadora instalada numa viatura pick up, sem qualquer intervenção local de pessoas, acabando agora por ser revelado pela Guarda Revolucionária que o engenho foi controlado por satélite obedecendo a um intrincado sistema que envolveu "inteligência artificial - IA" para determinar o alvo e os seus movimentos ao milímetro.

De acordo com informação veiculada pelos media iranianos, que citavam o general da Guarda Revolucionária, Ali Fadavi, a arma disparou um número elevado de balas atingindo apenas o cientista, deixando ilesa a sua mulher, que viajava com ele, no mesmo carro e a centímetros de si.

O uso da denominada IA em operações militares é um assunto de grande melindre internacional porque permite levar os ataques a um nível jamais visto e pode insuflar os ânimos a ponto de se tornar um hábito monstruoso o seu recurso para abater selectivamente alvos em qualquer parte do mundo e pelas mais diversas potências, sem que se posssa perceber para onde levará este caminho.

Logo após o assassinato cirúrgico, as autoridades de Teerão acusaram Israel e os seus serviços secretos pela autoria do crime, prometendo uma pesada vingança, ao mesmo tempo que, em contraste com o método agora divulgado, tinham anunciado que a morte de Mohsen Fakhrizadeh fora provocada por diversos homens que se faziam transportar numa pick up que explodiu no mesmo momento, tendo os guarda-costas do cientista abatido vários "terroristas" no local.

Mas, agora, durante as cerimónias fúnebres de Mohsen Fakhrizadeh, o líder do Conselho Nacional de Segurança do Irão, general Fadavi, avançou com outra explicação, que introduz na história das operações secretas mundialmente famosas de Israel para abater alvos a "inteligência artificial" a comandar, via satélite, um engenho tecnologicamente avançado de comando de uma arma automática de grande calibre montada numa viatura pick up de marca Nissan.

E foi ainda desmentido nesta ocasião a tese da presença de um comando terrorista no local do assassinato de Mohsen Fakhrizadeh.

Tal como sucedeu com o assassinato de Qassem Suleimani, o mais respeitado dos oficiais e estrategas iranianos, em Bagdad, Iraque, nos primeiros dias de Janeiro deste ano, o aiatola Ali Khamenei, a mais alta autoridade iraniana, veio a público garantir a vingança para esta morte, deixando a certeza da sua palavra de que os autores do homicídio e quem esteve por detrás da sua organização, vão ser "definitivamente punidos".

O Governo israelita não se pronunciou oficialmente sobre a morte de Mohsen Fakhrizadeh mas a rádio pública israelita, citando oficiais da segurança nacional, noticiou que foram dados avisos sérios aos cientistas nucleares que trabalham no programa nuclear iraniano.

Este assassinato ocorre num momento, sublinhe-se, em que está a ser preparada a transição de poder nos Estados Unidos - a 20 de Janeiro - do republicano Donald Trump, que saiu unilateralmente do acordo nuclear com o Irão, assinado em 2015 pelo seu antecessor, Obama, em conjunto com países europeus, China e Rússia, que troca a suspensão do programa pelo fim das sanções económicas a Teerão, para o democrata Joe Biden, que já disse que vai reintegrar os EUA no acordo que envolve as diversas potências mundiais e que o Irão nunca deixou de cumprir.

E o assassinato de Mohsen Fakhrizadeh surge depois de em 2018 o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que está com fortes acusações de corrupção em mãos, e em risco de perder o poder para uma condenação judicial, ter admitido estar na posse de documentos secretos iranianos que provavam a participação do cientista na continuação secreta do programa nuclear de Teerão.