Este alerta, que não é diferente de muitos outros feitos nas últimas décadas, quer seja por instituições ligadas às Nações Unidas, como a OMS, quer por entidades privadas, ou mesmo por narrativas ficcionadas em Hollywood, surge pela voz de Michael Ryan, responsável do departamento de emergências da OMS, numa intervenção que assinala a passagem de um ano do momento em que esta agência da ONU teve conhecimento de um perigoso coronavírus à solta na China.

Apesar de não restar dúvidas, como frisou Ryan, em declarações aos jornalistas, de que a Covid-19 é uma pandemia grave e com consequências trágicas, que são aquelas que se sabem, desde a devastação da economia global ao enfraquecimento do combate a outras doenças, especialmente nas geografias menos desenvolvidas, com mais de 1,8 milhões de mortos e quase 81 milhões de infecções em todo o planeta, no futuro o mundo vai ter de enfrentar ameaças pandémicas ainda mais severas.

A preparação para as ameaças futuras deve começar já e sem poupar em meios para que, quando esse momento chegar, a resposta seja a mais eficaz possível, porque, apesar de altamente contagioso, o Sars CoV-2 é um vírus bastante menos letal que muitos outros conhecidos, como é disso um bom exemplo o vírus do Ébola, mas muito menos transmissível.

O perigo advém da forte possibilidade de surgimento de um elemento patogénico que agregue a capacidade de transmissão do que está por detrás da Covid-19 e a letalidade do Ébola, por exemplo, embora, como se tem alertado, esta ameaça possa surgir de outras formas, como bactérias de grande resistência aos antibióticos, por exemplo.

Estes avisos estão a ser feitos apesar de a indústria farmacêutica ter conseguido bater todos os recordes na elaboração e produção de vacinas capazes de travar o novo coronavírus, mostrando estar preparada para responder a essa exigência, embora as dúvidas sobre essa eficácia estejam a surgir com o aparecimento de novas estirpes do Sars CoV-2 no Reino Unido que rapidamente alastrou aos quatro cantos do planeta.

Entretanto, o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na mesma ocasião, deixou no ar a ideia de que esta pandemia pode ter permitido atalhar caminho paa aquilo que é preciso ter em mente de forma a preparar o mundo para as ameaças futuras.

Esta pandemia ajudou, disse o dg da OMS, a que o mundo esteja agora consciencializado para este tipo de ameaças e para o que é necessário fazer de forma a garantir que o elemento surpresa não voltará a suceder.

Tedros Ghebreyesus salientou ainda a prontidão da ciência para responder quando a humanidade mais dela precisou.

E deixou essa certeza no que diz respeito às novas variantes do coronavírus responsável pela Covid-19, especialmente no Reino Unido e na África do Sul.