Donald Trump, a par da ingestão de desinfectantes, que são obviamente tóxicos para os humanos, mesmo que matem o vírus em superfícies externas, como lavatórios ou mesas, por exemplo, aconselhou ainda o uso intenso de luz sobre o corpo de forma a permitir que os raios ultravioleta aniquilem o coronavírus do corpo humano.

O resultado desta ideia, que já foi considerada como "incrivelmente estúpida" por alguns renomados cientistas e médicos, foi que centenas de pessoas nos EUA acabaram por ter de receber tratamento hospitalar depois da ingestão de produtos tóxicos, alguns deles altamente perigosos.

Apesar de ter vindo depois afirmar que as suas declarações eram "sarcasmo" e que estava a brincar com essa possibilidade, a verdade é que só o fez depois de alguns estados terem lançado alertas públicos para que as pessoas parassem de consumir desinfectantes e de alguns especialistas mundiais, como Paul Hunter, professor de medicina da Universidade de Medicina East Anglia, Reino Unido, ter declaro que o que Donald Trump fez foi "uma absoluta maluqueira e uma sugestão muitíssimo perigosa".

Só o estado de Maryland, segundo uma nota divulgada pelo governo estadual, confirmou mais de 100 casos de envenenamento por desinfectantes após as palavras de Trump, e o Departamento de Saúde de Nova Iorque publicou uma mensagem urgente a pedir para que "em nenhuma circunstância os desinfectantes ou os produtos de limpeza sejam ingeridos para tratar ou prevenir a Covid-19".

Citado pela agência EFE, Parastou Donyai, director do departamento farmacêutico da Universidade de Reading, disse que as declarações de Trump lhe tinham provocado um enorme choque" por serem "absolutamente contra as mais básicas noções científicas".

Também Robert Reich, professor de Saúde Pública na Universidade de Berkeley, considerou as palavras de Trump "uma ameaça muito séria à saúde pública".

Os EUA são actualmente o país em todo o mundo - onde estão registados mais de 3 milhões de casos e mais de 200 mil mortos - com mais casos confirmados, cerca de 1,1 milhões, com mais de 56 mil mortos.

Donald Trump, tal como o seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson - este já retrocedeu há mais tempo na teoria -, esteve na linha da frente da defesa da ideia de que a Covid-19 não representa perigo suficiente para que as economias se fechem, tendo em conta que as consequências daí vindas seriam mais graves que a doença.