Dos 15 indultos presidenciais assinados por Donald Trump, há dois que a imprensa norte-americana destaca como contendo indícios de que o Presidente cessante está a proteger a sua retaguarda para o pós-20 de Janeiro porque se trata de dois indivíduos suspeitos de envolvimento no caso da interferência russa nas eleições de 2016, onde ganhou, contra todas as expectativas, à democrata Hillary Clinton.

Um desses suspeitos é o ex-conselheiro de Trump para a política externa, George Papadopoulos, que acabou por assumir a culpa durante o processo de inquérito conduzido pelo procurador Robert Mueller, e o outro é Alex Zwan, advogado ligado ao Presidente cessante que também se declarou culpado. Ambos estiveram sob detenção mas Trump nºao deixou o cargo sem garantir a sua salvaguarda.

Para os próximos dias, segundo estão a noticiar os principais media norte-americanos, estão a ser preparados mais indultos, incluindo indivíduos acusados de crimes de guerra no Iraque e no Afeganistão sendo o mais famoso Nicholas Slatten, um estranho empreiteiro da empresa BLackwatter - mercenários contratados para combater no Iraque - que foi Donald Trump retira assim das garras da prisão perpétua depois de provado o seu envolvimento directo na chacina de 17 iraquianos numa bizarra e mórbida demostração de poder, o famoso caso da Praça NIssour, em Bagdag.

Entretanto, para aconchegar o futuro de alguns dos seus principais conselheiros e amigos, Trump nomeou meia centena deles para cargos na administração pública dos EUA.

Entre estes premiados pelo Presidente Trump, que a Constituição garante que os seus poderes são intocáveis e totalmente salvaguardados até ao momento da posse do seu sucessor, estão, entre outros, Richard Grenell, um antigo embaixador na Alemanha, conhecido pelo radical apoio a tudo o que o Presidente cessante pretender, foi indicado para o Memorial do Holocausto, em Washington, e Hope Hicks, a mais próxima das suas colaboradoras directas, vai para a Fulbright, a mais conhecida das instituições de atribuição de bolsas escolares de e para o estrangeiro.

Ao todo, segundo a imprensa norte-americana, estas nomeações, até que o testemunho seja passado a Joe Biden, podem atingir a centena e meia.

Recorde-se que Trump manteve até ao último minuto uma estratégia de luta na justiça para evitar a derrota eleitoral, embora esse esforço tenha esmorecido quando, a 12 de Dezembro, o colégio eleitoral, onde obteve uma larga maioria, com 303 grandes eleitores, quando precisava apenas de 270, o conformou como o 46º Presidente dos EUA.

Esta vitória de Biden e da sua vice, Kamala Harris, a primeira mulher a ocupar o cargo em 231 anos de história eleitoral no país, teve igualmente como elemento histórico a derrota no final do 1º mandato de Trump, situação rara e que sucedeu pela última vez em 1992, quando Bill Clinton ganhou a George H. Bush no final do seu 1º mandato.