Segundo relatos citados pelas agências, o ministro Nicolau dos Santos esteve a ser ouvido pela PJ durante horas, no Ministério da Agricultura, tendo, no final da audição, sido dada ordem de detenção que não foi cumprida de imediato porque os seguranças do governante se opuseram, afastando-o do local à força.

Foi preciso arrombar uma porta, com agentes fortemente armados no local, para que a PJ conseguisse chegar ao ministro, tendo-se gerado, segundo a Lusa, momentos de forte tensão que acabaram em confrontos entre seguranças de Nicolau dos Santos e agentes da Judiciária guineense.

A PJ é, na Guiné, é uma força policial tutelada directamente pelo Ministério da Justiça, carecendo de uma autorização em forma der mandado de detenção da PGR para prender Nicolau dos Santos, sob a acusação de desvio de 35 toneladas de arroz que estava já a ser preparado, numa propriedade do governante, para ser, alegadamente, vendido nos mercados guineenses.

A tentativa de detenção do ministro surge no âmbito de uma operação da PJ para apreender cerca de duas centenas de toneladas - 136 já foram apreendidas - desviadas de uma oferta chinesa para minimizar a carência alimentar cíclica que este país lusófono da África Ocidental, com pouco mais de 2 milhões de habitantes, atravessa.

Em declarações à imprensa, o inspector da PJ responsável pela operação, Fernando Jorge, disse que o arroz doado pela China estava a ser preparado para ser vendido no mercado.

"Só queremos mostrar a nossa determinação e dizer que esta investigação vai até ao fim. A China doou 104 contentores de arroz e agora vamos perceber a dinâmica de distribuição desse arroz", disse.

Na quinta-feira, após a primeira apreensão de arroz ter sido tornada pública na segunda-feira, o ministro da Agricultura esclareceu que os armazéns onde se encontrava o arroz apreendido em Bafatá foram alugados pelo Governo e que o donativo doado pela China não tinha sido desviado.

Num comunicado divulgado à imprensa no mesmo dia, o primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes, que se encontrava em Washington, pediu à PJ para "prosseguir o inquérito visando situar as responsabilidades no descaminho verificado na distribuição do arroz doado pela República Popular da China".

No desvio de arroz está ainda envolvido o antigo ministro do Interior, Botche Candé e pelo menos mais três pessoas, detidas na passada semana.