Em Teerão, já nas primeiras horas da manhã deste Domingo, 14, surgiu o aviso a Israel de que a resposta estava concluída mas que quaisquer reacção de Israel sobre alvos iranianos, será geradora de uma escalada violenta e com outro tipo de meios.

Até porque o Irão tem, nos últimos meses, divulgado informações sobre testes realizados com sucesso dos seus novos misseis hipersónicos de lingo alcance, que voam a 10 vezes ou mais a velocidade do som e não são vulneráveis aos actuais sistemas de defesa antiaérea mais modernos, incluindo os Patriot norte-ameericanos ou o sistema "Iron Dome" israelita.

Neste ataque, sendo que a maior parte dos misseis e drones foram efectivamente abatidos, também existem evidências, especialmente vídeos difundidos nas redes sociais, de um número elevado de alvos atingidos pelos misseis iranianos, embora não existam informações sobre o mapa das explosões em Israel, admitindo os analistas que foram preferencialmente bases militares.

Para conter uma eventual escalada, os aliados tradicionais de Israel, EUA e Reino Unido, segundo os media internacionais, estão em modo de alta rotação a procurar impedir o Governo israelita de Benjamin Netanyhau lance quaisquer ataque ao Irão.

De Washington veio mesmo um aviso a Telavive de que não haverá uma interferência norte-americana ao lado de Israel se não houver contenção de forma a que este momento de alta tensão termine aqui.

A extensão dos danos em Israel ainda não era totalmente clara perto das 09:00 deste Domingo, mas, segundo as Forças de Defesa de Israel IDF), quase todos os drones e misseis iranianos foram abatidos ainda no trajecto.

Parte dos drones, misseis balísticos e de cruzeiro foram mesmo neutralizados muito antes de se aproximarem de Israel por aviões de guerra dos EUA e do Reino Unido estacionados no Iraque, em bases ainda detidas por estes dois países.

Dos mais de 300 objectos disparados pelo Irão ou pelos seus "proxys" no Iraque e no Iémen, apenas estilhaços chegaram ao solo, depois de atingidos pelo sistema de defesa antiaérea "Iron Dome" ou cúpula de ferro, causando, segundo a informação existente até este momento, ferimentos ligeiros em duas pessoas e danos ligeiros numa base militar.

Alias, face à natureza do ataque, com drones muito lentos e misseis facilmente neutralizáveis pelo Iron Dome, alguns analistas defendem que se tratou de um ataque organizado e negociado com os EUA de forma a que não causasse efeitos devastadores para que o Irão possa lidar internamente com a exigência popular de vingança pelo ataque em Damasco (ver links em baixo nesta página).

Pouco depois das 21:00 de Sábado em Luanda o Irão lançou um enxame de drones para território israelita, iniciando a esperada e anunciada vingança de Teerão pelo ataque israelita de 01 de Abril contra o consulado iraniano na capital da Síria, Damasco.

Este ataque iraniano, mesmo que não se soubesse que contornos teria, era esperado e só faltava saber-se a hora exacta, porque tanto o líder supremo iraniano, aiatola Ali KHamenei, como o Presidente Ibrahim Raisi, tinham jurado vingança.

No dia 01 de Abril, um míssil israelita atingiu o consulado iraniano em Damasco matabdo 11 pessoas, entre estas sete oficiais da Guarda Revolucionária do Irão, dois deles lideres de topo da sua unidade de elite, a Força Quds.

Cerca de uma hora depois, segundo a Al Jazeera, a Guarda Revolucionária do Irão emitiu um comunicado confirmando que dezenas de drones kamikaze e misseis estavam a dirigir-se para Israel, que o texto define como "territórios ocupados" na Palestina.

Mas a questão mais inquietante veio de um conhecido analista iraniano, professor da Universidade de Teerão, e figura próxima do Governo iraniano, que afirmou que esta é apenas uma etapa da resposta iraniana ao ataque israelita em Damasco.

Mohammad Marandi disse na Al Jazeera que era impossível o Irão não reagir com robustez adequada, porque, claramente, Israel foi longe demais para que Teerão pudesse manter a típica reacção de baixo perfil para evitar escaladas abruptas.

"Vamos ver mais do que isto", disse Mohammad Marandi.

Sabe-se, no entanto, que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, vive momentos dramáticos com a sua falhada invasão de Gaza, onde não conseguiu, ao fim de seis meses de guerra e mais de 34 mil civis mortos, nenhum dos objectivos a que se propôs.

E isso pode, segundo alguns analistas, levar a que este contra-ataque iraniano, porque, recorde-se, o espaço consular é internacionalmente considerado território nacional do país de bandeira, sirva para justificar uma mais vasta e complexa operação de ataque ao Irão.

Isso seria a forma de Netanyhau conseguir uma resposta mais musculada de Teerão que levasse os EUA a entrar nesta fornalha e abrir a porta a um conflito de larga escala em todo o Médio Oriente, uma região considerada um barril de pólvora à espera de quem chegue o fogo ao rastilho.