Numa entrevista ao site Africanews, o empresário sudanês Mo Ibrahim, que se notabiliza pela promoção da boa governação em África, defendeu que "a corrupção em África é sustentada por europeus, chineses e americanos".

Apesar de reconhecer que a corrupção é uma realidade no continente, o mentor do Prémio Mo Ibrahim - lançado em 2006 para distinguir líderes africanos que se destaquem no combate à corrupção e outras práticas de má gestão -, sublinhou que "os dirigentes africanos não possuem o monopólio da corrupção".

Para o milionário, África não é mais corrupta do qualquer outro lugar do mundo. "Por cada líder africano corrupto há 1.000 europeus, chineses e americanos corruptos", apontou o sudanês, questionando: "Onde estão essas pessoas?".

O empresário contesta, assim, a tendência de se apontar o exemplo africano sempre que se fala de corrupção.

Fundador da empresa de telecomunicações africana Celtel International, Mo Ibrahim é considerado um modelo do cidadão africano bem-sucedido, que privilegiou uma gestão ética do negócio.

Ibrahim vendeu a empresa em 2005, sete anos depois de a ter criado, a um operador do Kuwait por 3,4 mil milhões de dólares, fortuna que financia a Fundação e o prémio Mo Ibrahim, o maior atribuído anualmente no mundo.

A distinção consiste na atribuição de cinco milhões de dólares, distribuídos ao longo de dez anos, sendo, ultrapassado esse prazo, concedida vitaliciamente uma verba anual de 200 mil dólares.

Já com nove edições realizadas, o Prémio só teve quatro vencedores porque em cinco edições nenhum líder africano foi considerado merecedor da distinção.

Os antigos Presidentes de Moçambique e de Cabo Verde, nomeadamente Joaquim Chissano (2007) e Pedro Pires (2011) foram os únicos galardoadas na África lusófona.