O anúncio foi feito pelo ministro da Justiça do Governo de Joseph Kabila, Alexis Thambwe Mwamba, que justificou a medida com a ideia de que não é possível um país funcionar de forma regular quando se ocupam estes cargos apenas com a intenção de fazer dinheiro de forma ilícita.

A RDC conta actualmente com cerca de 4 000 juízes dispersos pelas suas 26 províncias, embora algumas destas, as mais distantes e mais conturbadas, apresentem severos défices na aplicação da justiça, muito devido à falta de magistrados, incluído do Ministério Público.

O ministro da Justiça chamou, em conferência de imprensa, aos juízes agora exonerados de "aventureiros" que recorriam ao poder do cargo para dele abusar em benefício próprio, sublinhando que o Governo de Kinshasa está consciente que muitos dos que não foram abrangidos pela medida também não têm condições para permanecer no cargo, deixando no ar a ideia de que novas purgas se seguirão.

Há cerca de 10 anos, o mesmo Kabila já tinha exonerado perto de uma centena de juízes pelas mesmas razões.

A RDC vive actualmente um período pré-eleitoral para as eleições Presidenciais de 23 de Novembro, às quais o actual Chefe de Estado não poderá concorrer porque já cumpriu o seu segundo mandato consecutivo, atingindo o limite permitido pela Constituição, embora esteja no poder há dois anos de forma interina devido aos sucessivos adiamentos das eleições, que deveriam ter tido lugar em Dezembro de 2016.

Uma das acusações directas feita por Alexis Thambwe Mwamba é que entre estes juízes agora "dispensados" estão muitos que condenavam pessoas a penas de prisão para poderem mais facilmente ficar com os seus bens patrimoniais.

A RDC é um dos países com índices de corrupção mais elevados do mundo, figura nas piores listas sobre Direitos Humanos, é território de alguns dos mais prolongados conflitos de baixa intensidade, como os perpetrados pelas guerrilhas e milícias, aparece usualmente nas páginas dos jornais de todo o mundo devido ao elevado número de mortos em confrontos entre a polícia e manifestantes anti-Kabila e ostenta, entre outros títulos pouco recomendáveis, o de país com maior número de deslocados internos, cerca de 5 milhões de pessoas, sendo ainda relevante o número de refugiados em países vizinhos, aproximadamente 650 mil.