Estes 260 mortos resultam de 444 contaminações, das quais 50 aguardam confirmação laboratorial mais precisa, sendo que apenas meia centena conseguiram sobreviver e ficar curadas da doença.

Esta é a 10ª epidemia de Ébola na RDC desde que o vírus foi, pela primeira vez, detectado em humano, em 1976, também no Congo, e é já a 2ª mais letal de sempre, apenas ultrapassada pela gigantesca epidemia que entre 2013 e 2014 varreu a África Ocidental, com destaque para a Serra Leoa, Libéria e Guiné-Conacri, na qual pereceram mais de 11 mil pessoas e mais de 15 mil foram directamente afectadas pela doença.

A actual epidemia afecta o leste da RDC, nas províncias do Kivu Norte e Ituri, junto à fronteira com o Uganda, e as equipas sanitárias debatem-se com graves dificuldades no terreno devido à presença de dezenas de milícias armadas e guerrilhas, como a Aliança das Forças Democráticas (ADF), com origem na Uganda, tendo ocorrido vários ataques, com registo de mortes, às equipas médicas que procuram combater o avanço do vírus.

Esta epidemia mostra ser mais resistente que aquela que em Maio deste ano surgiu no Equador, província do oeste da RDC, estando a avançar quase sem controlo porque os diversos grupos armados persistem nos ataques às unidades sanitárias, a quem acusam de estarem a servir para a intromissão das forças militares congoleses nos territórios por eles controlados.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), que tem no terreno várias equipas, bem como outras agências da ONU, debatem-se, assumidamente, com o risco de perda de controlo da situação, com a agravante de se tratar de uma região onde estão milhares de refugiados do Ugando e do Ruanda e onde os deslocados internos são igualmente em grande número.

Existe ainda o perigo de alastramento da epidemia para os países vizinhos, o que obrigou o Uganda e o Ruanda a medidas severas de controlo das fronteiras, tal como, alias, a OMS recomendou a todos os países vizinhos, incluindo Angola.

Tal como nas recentes epidemias, incluindo a da África Ocidental, a OMS está a recorrer a vacinas experimentais que, apesar de terem resultados positivos anteriores, tardam a aqui a mostrar a sua mais-valia, essencialmente porque não está a ser possível assegurar as zonas de vacinação devido aos problemas de segurança.

As questões tradicionais, o recurso a curandeiros locais tradicionais e os hábitos ancestrais de tocar nos defuntos durante as cerimónias fúnebres são igualmente potenciais dispersores do vírus, dificultando o controlo da doença.

Dificuldades acrescidas

Entretanto, para complicar ainda mais o cenário, o norte-americano CDC, organismo de controlo e e prevenção de doenças, famoso pela sua eficácia na contenção de epidemias, acaba de divulgar que se retira da zona da epidemia devido à violência dos grupos armados.

O CDC justificou o abandono da área com questões de segurança dos seus técnicos mas garante que voltará a empenhar-se no combate à mais grave epidemia de Ébola de sempre na RDC assim que estiver garantida a sua segurança.

Sobre este acrescido problema, a OMS garante que vai proceder de forma a substituir o papel do CDC na zona de combate à doença, pedindo, no entanto, aos Estados Unidos da América para manterem o financiamento dos trabalhos em curso.

A par disso, a OMS espera ainda que o CDC mantenha a sua colaboração à distância na partilha de informação sobre a forma de conter a dispersão do vírus, testagem e tratamentos fora da zona de risco.