Para além de felicitar Tshisekedi, cuja vitória, apesar de anunciada pela CENI e confirmada pelo Constitucional, está a ser fortemente contestada pelo candidato "derrotado", Martin Fayulu, a SADC emitiu um apelo para que todos os candidatos derrotados e partidos políticos do Congo "aceitem os resultados, mantenham a paz e a estabilidade" no país, porque esse é o único caminho para o desenvolvimento.

Face a este cenário, a União Africana (UA), que tinha pedido para que o Tribunal Constitucional (TC) suspendesse o anúncio do resultado da sua análise ao recurso interposto por Maryin Fayulu, viu-se numa situação melindrosa, com a SADC a retirar o tapete à organização pan-africana, cujo líder, o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, tinha anunciado o envio de uma missão de alto nível a Kinshasa.

No entanto, perante esta atitude da SADC, Kagame, que iria integrar a missão da UA à capital congolesa, com o seu presidente da Comissão Africana, Mussa Mahamat, acabou por se ver obrigado a suspende-la sob o risco de criar as condições para um conflito aberto entre as duas organizações africanas.

Isto, porque, se, por um lado, a SADC se mostrou logo disponível para aceitar Tshisekedi como novo Presidente da RDC e fechar este perigoso capitulo da democracia africana, no mais complexo país do continente, onde se vão realizar este ano duas dezenas de eleições, a União Africana pretendia não deixar passar em claro as pesadas suspeitas de que ocorreu uma significativa fraude nas eleições de 30 de Dezembro.

Recorde-se que os media internacionais revelaram na semana passada uma análise aos dados recolhidos pelas máquinas de voto electrónico onde Martin Fayulu é apontado como vencedor por larga margem, tendo sido derrotado por um golpe de bastidores, alegadamente depois de ter ocorrido um "entendimento" entre Tshisekedi e o ainda Presidente Joseph Kabila para "partilha" do poder.

Também a Conferência Episcopal congolesa (CENCO), que teve 40 mil observadores nas eleições, informou que não foi Félix Tshisekei a vender o pleito eleitoral.

Presidente eleito apela à reconclilação

O Presidente eleito, logo após o anúncio do TC, fez uma declaração ao país onde garante que vai trabalhar para erguer "um Congo reconciliado, forte e virado para o desenvolvimento".

Félix Tshisekedi agradeceu aos que votaram nele e agradeceu a quem nele não votou, porque "não foi a vitória de um campo contra outro", foi a vitória, disse, da "vontade de reconciliar o Congo e os congoleses".

"O Governo que vamos formar não será um Governo do tribalismo, do ódio ou divisão, será um Governo do e para o desenvolvimento, da paz e da segurança e estabilidade", disse.

Se depender de Fayulu...

No entanto, Martin Fayulu, que foi apoiado pelos pesos-pesados Jean-Pierre Bemba e Moise Katumbi, já veio acusar o TC de ter validado resultados "falsos" sem ter em conta "a verdade das urnas".

Perante aquilo que considera um "serviço do TC a um regime que não respeita nem as leis da República nem a democracia"; Fayulu acusa Tshisekedi e Kabila de terem "protagonizado um golpe de estado constitucional".

O que, segundo ele, exige que a comunidade internacional "não pode reconhecer" a eleição de Tshisekedi e voltou a apelar ao protesto popular pacífico.