A avaliação das competências é relevante e não é um mero exercício técnico de adopção de uma ferramenta de gestão. É acima de tudo uma escolha do princípio fundamental de que as melhores posições devem estar reservadas aos mais capazes, aos melhores. A questão de como gerimos o talento é uma questão de fundamental importância e, por vezes, negligenciada, porque o que é óbvio por vezes não é tão evidente.

Como gerimos o talento numa organização? Em qualquer organização, seja no sector público ou privado, a gestão de talento é de importância fundamental para o seu sucesso de longo prazo. As organizações de sucesso perdem muito tempo a pensar nessa questão. Saber como atrair e reter talento não é uma tarefa fácil. Muitas organizações não sabem como o fazer e, por vezes, a gestão do talento que fazem é enviesada e cheia de preconceitos.

Todos concordamos em princípio com a ideia de meritocracia, a questão é a de saber como se pode implementar um sistema meritocrático. Diferentes pessoas têm diferentes ideias do que deve ser um sistema meritocrático, porque em parte todos nós temos ideias distintas do que deve ser a finalidade de uma organização.

Mas existe um consenso generalizado de que o talento deve ser baseado na ideia de mérito. Em países como Singapura, os líderes copiaram da Shell um modelo de avaliação e promoção de talento para a Administração Pública precisamente porque perceberam a importância de valorização do mérito para o futuro desse país. Singapura é um país limitado pelo seu tamanho, sem recursos minerais ou sem água, e Lee Kwan Yew (o Fundador de Singapura) entendeu que a melhor forma de garantir a sua prosperidade e desenvolvimento era garantir o estabelecimento de uma sociedade assente na meritocracia, porque as pessoas é que estão na base do sucesso dos países. Essa mundividência é típica de sociedades confucionistas, onde a meritocracia é um dos pilares sobre os quais repousa a ordem social, ideia essa enraizada em toda a Ásia influenciada pelo grande filósofo Confúcio.

Kishore Mahbubani, um dos maiores pensadores vivos de Singapura, afirma no seu famoso livro "The New Asian Hemisphere" que a meritocracia adoptada pela cidade-estado foi um dos segredos de sucesso desse país e dos países asiáticos.

(Leia este artigo na íntegra na edição semanal do Novo Jornal, esta semana com acesso gratuito em http://leitor.novavaga.co.ao/)