O COA é, pois, a entidade que responde, em primeira e em última instância, pelo sucesso ou insucesso das missões olímpicas nacionais, ou seja, tudo quanto aconteceu até agora com as presenças de Angola na maior festa desportiva do mundo é da responsabilidade da representação das cinco argolas entrelaçadas em Angola. Objectivamente, nisso, estamos conversados. Não há dúvidas, não pode haver dúvidas.
Angola, já o referi neste espaço nalgumas ocasiões, é dos poucos países que jamais conheceram a suprema glória da conquista de uma medalha olímpica. E para aqui não são chamadas as façanhas de José Sayovo, várias vezes campeão e recordista mundial e paralímpico. Para esta conversa, são chamados apenas os propósitos olímpicos. Em virtude da falta de uma medalha olímpica, consideramos Angola pouco mais que um "anão olímpico". Inclusive, neste particular, é superado por Moçambique. É verdade que, em função dos títulos continentais que conquistou em distintas modalidades, em termos desportivos, o País está um patamar acima de Moçambique. Mas, no quesito olímpico, a frieza dos números não engana. Moçambique está acima. Afinal, tem conquistas olímpicas, e Angola não as possui.
Quando numa das vezes abordei a questão, houve quem defendesse que o caso das medalhas de Moçambique tem contornos muito especiais. As pessoas que rebatiam a tese que postulámos, segundo a qual Angola não passa de um "anão olímpico", argumentaram que Lourdes Mutola não é propriamente resultado da política desportiva do país irmão do Índico, mas uma força da natureza que Deus colocou lá. Usaram semelhante alegação para o caso do Togo, cujo medalhista vivia e competia na França por ocasião da conquista nos Jogos Olímpicos de Londres" 2012. E adiantaram ainda que exemplos emanados do empenho das autoridades governamentais e do dirigismo desportivo são o basquetebol e o andebol angolanos.
Provavelmente estejamos a ver as "coisas" de ângulos diferentes e, por isso mesmo, discordo desses argumentos, porque, do mesmo modo que Moçambique teve Lourdes Mutola, que foi devidamente potenciada, diga-se, Angola também já teve atletas que com maior investimento provavelmente chegariam lá. Um dos casos mais gritantes é o da judoca Antónia de Fátima Maoreira "Faya". Ela tinha possibilidades mil de, com uma preparação a preceito e um bom acompanhamento, conquistar uma medalha olímpica. Provavelmente até com um treinador da elite mundial, pago pelo País. Afinal, das raras vezes que participou em torneios fora do quadro de "Africanos", "Mundiais" ou Jogos Olímpicos, venceu combates com atletas do topo do ranking mundial. Isto quer dizer que, se participasse em vários torneios ao redor do mundo, seguramente ganharia maior endurance e experiência competitiva bastante para estar próxima da medalha olímpica.
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