Mas, uma coisa será certa, com ou sem pandemias, o 10 de Junho será sempre o dia em que se comemora o Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas.
Fazemo-lo em todo o mundo, com a mesma alegria e orgulho de nos vestirmos de pátria.
Uma pátria de séculos, uma pátria de liberdade, de democracia, de justiça e inclusão, que dá e recebe.
Mais do que celebrar uma data de independência, como sucede com tantos países, Portugal, independente desde 1143, celebra, neste dia também, o seu poeta maior, Luís Vaz de Camões, que, de certa maneira, representa um Portugal do passado, a cultura portuguesa, mas também o promissor presente da Língua Portuguesa, que pertence a todos os que a falam, que cresce e se afirma internacionalmente como língua de futuro, de diplomacia, de negócios, de paz, de ciência e tecnologia, uma língua pluricontinental, que será sempre um valor para todos os que a partilhamos.
Simultaneamente, celebramos as Comunidades Portuguesas, que representam, por si só, um presente e futuro, uma realidade nos quatro cantos do mundo.
São todos aqueles homens e mulheres que saíram de Portugal, que buscaram novas oportunidades de trabalho, de estudo, de vidas noutros países e continentes, e que contribuem activamente para o desenvolvimento das sociedades que os acolheram. Comunidades dinâmicas, empenhadas, também elas um valor neste mundo globalizado e em profunda transformação.
São estes três elementos que temos sempre presentes neste dia, um dia que, esse sim, pelos efeitos da pandemia e pelas regras impostas pelas autoridades angolanas que o combatem de forma inteligente e empenhada, que todos apoiamos e devemos respeitar, terá que ser obrigatoriamente celebrado de forma diferente, porque diferente são os tempos que vivemos.
A tradicional recepção que esta Embaixada faz anualmente e que constitui um encontro fraterno entre os portugueses, luso-angolanos, angolanos e comunidade internacional que partilham afectos e uma amizade de longa data é, este ano, celebrada de forma diferente, num verdadeiro esforço de "retribuir" um pouco do tanto que Angola nos tem dado.
Por isso, simbolicamente, os mais de 1.000 convidados anualmente para a Festa de Portugal são, este ano, representados por máscaras, medicamentos, equipamentos de biossegurança, que representam também um esforço solidário e generoso da comunidade portuguesa, das empresas portuguesas e luso-angolanas presentes em Angola.
Uma mensagem que, nestes tempos de pandemia, será muito mais do que as meras palavras protocolares da ocasião. Recém-chegado a Angola, é para mim muito mais gratificante ser portador desta mensagem, concretizada em bens que são necessários e importantes para os angolanos e todos os que apostam no presente e futuro deste país. Um sinal inequívoco, também dado noutros fóruns internacionais, de que Portugal e Angola estão sempre juntos.