O relatório sobre a Pobreza Multidimensional nos Municípios, lançado pelo Instituto Nacional de Estatísticas de Angola (INE), possui dados que nos podem ajudar a identificar estas localidades e pessoas. Será que tais dados têm sido utilizados ou serão utilizados por quem tem o poder de tomar decisões?
Entender os desastres como parte da vulnerabilidade tem sido difícil entre nós. Ao longo da história, os desastres foram explicados pelos políticos como fenómenos cuja prevenção, mitigação ou recuperação esta fora do seu alcance. Ainda muito recentemente tivemos conhecimento do desastre ocorrido em Luanda logo após as intensas chuvas, e os argumentos de altos dignatários do Estado davam a entender que se tratava de um mero resultado dos eventos naturais (causados principalmente por fenómenos meteorológicos), excepcionais, inesperados e não relacionados aos processos sociais, políticos e económicos da vida quotidiana. Essa abordagem tem sido também por vezes complementada por outras explicações, focadas na guerra ou no suposto mau comportamento das vítimas, que tanto teimam em construir nas zonas de risco.
Num contexto marcado pela Covid-19, essas mesmas posturas tendem a ignorar ou fingir não ver as explicações sociais e económicas que estão por detrás dos problemas. Sabemos que, para muitos, é suficiente insistir para que as pessoas fiquem em casa e cumpram as medidas de confinamento social, mas ninguém se questiona: por que razão as pessoas insistem em sair de casa para a rua em busca do seu ganha pão nos mercados e noutras áreas, onde exercem a sua actividade de modo informal?
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