Nessa criatividade, o bom humor, embora nem sempre adequado, tem sido o companheiro de viagem de milhões, uns a sorrirem para tundar a fome, outros a chorarem por não mais terem motivos seus para mostrarem os mabuins na estridente gargalhada que contagie e dê inveja. Baju, revu, lambu, panco, micheiro, pambaleiro, wi rijo são apenas alguns frutos dessa tal criatividade, que faz nascer dicas que brotam na mente de quem pisa e semeia nesse chão rico alimentado por lágrimas e suores de quem procura saber como sobreviver, balingando mesmo sem querer ao ritmo de kuduro jardado com letras que fazem capotar a partir cama por avançar pintin a chorar sem saber porquê, talvez "através" da traição de quem prometia amor infinito, onde o mais importante era resolver as makas de quem ainda hoje não entende o que se passa, se calhar por ser aquele mambo que chamam de sui generis, advinda da tal criatividade sorridente que abençoa esse povo heróico e generoso que teima em continuar alegre mesmo com as makas que insistem em ser tradição obrigatória tal qual orientação superior, que outrora tinha mais importância do que o Angola Avante e era mais buscada do que bênção de um nguvulo de uma nguelé com sotaque de cá ou de lá, por causa dos supostos milagres que o orientador garantia, enquanto falida ou fesada com michas de bradar aos céus, rasgados pelas asas do jato que desliza a caminho das areias milionárias das arábias em busca daquilo que mascara uma realidade podre de pobre, longe das águas chiques de Mónaco onde os iates brilham com as riquezas saídas de cá e que laifam vidas de poucos que por lá se "fotam" e publicam ostentando o que algum papoite, tal qual kinganje, brindou com o sopro que safava da dibinza "pelendoces" ou mangas malcriadas que ainda não amadureceram, mas que já foram descascadas e trituradas até ao caroço com sal, sem medo de briosa ou de outros males, ao ponto de mais nada sobrar nem já para tsé-tsé querer ferrar.

Alengu, 14/15, da muleta, do pau, 4 olhos, cegueta, tantan, pracatá-tauas e tantas outras dicas que essa criatividade tem estigado, alimentando o bulying contra quem é igual na diferença, é como é, boa gente boa, diferente tal como todos os outros milhões o são, mas que os bloqueios da sociedade impedem que seja visto, ouvido, sentido, tocado, abraçado, pensado. Que fale, que oiça, que escreva, que veja, pense, sorri e baile como merece, quer e como bem entende, essa mesma sociedade que os brinda com estigas, também os homenageia com leis que deviam ser cumpridas para que houvesse mais respeito, igualdade de oportunidades de acordo com cada um e justiça social para que cada cidadão tivesse o que deve e merece para que continuemos todos juntos, até porque somos bué poucos para fazer bué fixe pela banda, quer vejamos, ouçamos, falemos, andemos, abracemos, pensemos, dancemos tal qual qualquer outro ou então que sejamos como somos, iguais na diferença e diferentes na igualdade de sermos todos seres humanos, filhos de uma grande mãe, e para os crentes, filhos da mais alta divindade.

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