Xi Jinping vai encontrar-se esta sexta-feira com um assumido reformador ao estilo de Deng Xiaoping, mas que, nos últimos anos, se ocidentalizou. Trata-se de uma longa caminhada para negociar uma dívida com a China, estimada em 21 mil milhões de dólares e com perto de 7 mil milhões de dólares pagos obrigatoriamente todos os anos com juros.

Este serviço da dívida constitui uma arma negocial bastante relevante para os chineses. Na expectativa, estão as contrapartidas e as condições exigidas pela China perante as solicitações apresentadas pela equipa liderada por João Lourenço. O Chefe de Estado angolano vai procurar abrir uma nova "rota negocial", para garantir o financiamento de projectos em curso e de novos projectos em carteira; vai, também, procurar renegociar o serviço da dívida. Se conseguir uma das duas, já será um bom sinal, dependendo muito daquilo que João Lourenço leva na bagagem para agradar e convencer o seu homólogo chinês.

A Refinaria do Lobito é importante e, se João Lourenço conseguir financiamento, já será um bom indicador. Mas, os chineses são pacientes, pragmáticos e não têm memória curta. Não se esqueceram do Corredor do Lobito, que foi reconstruído por eles e que foi entregue aos americanos; vão, certamente, estabelecer novas regras na cooperação e na protecção dos seus investimentos. João Lourenço vai, também, clarificar que a sua "paixão americana" não faz dele "anti-Pequim", muito pelo contrário, vai dizer ao que vem, procurando sempre fazer a tal conciliação e equilíbrio na sua relação com o Ocidente e com a China. Ele está preparado e esperançado de que conseguirá créditos volumosos para a concretização de vários projectos no País, a fim de alavancar a economia.

João Lourenço está a negociar uma dívida que herdou e que o seu sucessor herdará (a previsão do pagamento da dívida é para lá de 2030), mas que sabe que, no período difícil que a nossa economia atravessa, a China joga uma posição importante. Ele já procurou mostrar que Angola tem de ser um País aberto ao mundo, com liberdade e abertura para fazer negócios onde e com quem entender ter vantagens recíprocas. Na "Armada Lourencista" a Pequim, vão os ministros da Energia e Águas, dos Transportes, das Finanças, Agricultura, Petróleo e Recursos Minerais, sendo um sinal das áreas em que possivelmente se irá reforçar a cooperação bilateral".

É uma visita que está a ser bem escrutinada pelos EUA que olham agora para Angola como um parceiro estratégico em África e que procuram actuar numa posição dominante. Vai depender muito daquilo que João Lourenço vai prometer e como vai comprometer-se, sem esquecer que Moscovo está atento à jogada e aguarda pela resposta ao convite que Vladimir Putin fez a João Lourenço para visitar Kremlin. Hoje começa em Pequim uma longa e interessante marcha de João Lourenço. É uma prova de fundo que exige paciência, fôlego e resistência, para se contornarem os vários obstáculos. Que João siga firme e forte nesta longa caminhada, para bem dele e de todos nós!