O modelo urbano (entendido como migração Campo/Cidade) que, à partida, "gerava" ganhos, regista-se um completo esgotamento. O modelo educativo, igualmente, rompeu, na medida em que os mais qualificados não têm esperança de emprego, tanto no sector público como privado, vem acentuar as desigualdades entre os desiguais. Que direcção seguir para reduzir as desigualdades induzidas pelo crescimento demográfico?
As epidemias como Covid-19, malária, HIV/Sida e a fome são claros sinais da crise das lógicas reprodutivas em África, que não consegue satisfazer a demanda, com estimativa de 1.300 milhões de habitantes em 2025.
A remodelação da ocupação do espaço, desde o período colonial, apresenta-se como fenómeno permanente. Actualmente, manifesta-se com o crescimento urbano e expansão das cidades. Por outro lado, em África não houve uma ruptura dos laços cidade/campo, ou seja, manteve uma população com elevada flexibilidade e ligadas ao rural.
A crise económica actual, que é historicamente estrutural, acentuou a ruralização, a pauperização urbana, a informalização das economias africanas e aumentou, fortemente, a disparidade cidade/campo.
O Banco Mundial e outras agências financiadoras argumentavam que a urbanização em África ocorreu sob condições económicas e especialmente fiscais que favoreciam indevidamente os habitantes das cidades, nomeadamente: preços controlados dos produtos agrícolas, subvenção pelos governos dos produtos importados, não-pagamento de impostos pelos citadinos, que são os principais beneficiários dos serviços sociais.
Do ponto de vista económico, houve um aumento da taxa de escolarização (duas vezes mais elevada que nos países industriais). No entanto, na lógica da produtividade agrícola, em que as inovações técnicas resultam da pressão demográfica e em que a preservação do ambiente é a condição de um crescimento agrícola duradouro, em África não se verifica.
O que se verificou, no continente africano, é que tais desigualdades aumentaram. Nalguns casos, estagnou nas zonas rurais, ao passo que nas zonas urbanas houve ligeiro declínio. Caminhos "alternativos"...
Um forte investimento no desenvolvimento da juventude, na igualdade do género, no empoderamento das mulheres, é uma peça fundamental para acelerar o desenvolvimento, lidar com disparidades regionais na distribuição das instalações de infra-estruturas, incentivar a produtividade agrícola, agregar valor a matérias-primas primárias.
Por fim, não menos importante, para lidar com as desigualdades, é necessária uma transição para uma agricultura moderna intensiva e ambientalmente sustentável, bem como um declínio no crescimento populacional..