Ao balcão, manifestei a minha indignação à funcionária que me atendeu pela inoperância do serviço de internet e pelos transtornos daí resultantes. Como que apanhada em contra-mão, ela reconheceu a existência de falhas nesse serviço, mas atirou as culpas ao Caal Center da transportadora nacional.

Era a terceira vez que mostrava a cópia do bilhete de passagem e o original do BI.Antes, já o tinha feito em dois «checks points», onde me tinham solicitado a referida documentação. A "filtragem" ao balcão estava longe de ser a última, pois seria sujeito a mais quatro "postos de controlo" até chegar exausto ao avião.

Durante o longo tempo de espera na sala de embarque não havia nenhum aparelho de TV, por mais pequeno que fosse,nem sinal de internet. Sem o Wi-fi, não tive outra saída, senão gastar a net do meu próprio bolso.

Pontualmente, à hora marcada, ou seja,às 8 horas da noite, o "Bombardier Dash-8", levantou voo, com mais de metade dos 74 lugares vazios. Depois de hora e meia de viagem, o aparelho tocou a pista com alguma violência, talvez resultante dos ventos fortes que sopravam na altura.

À chegada, sou novamente obrigado a fazer uma prova da minha angolanidade, por via do BI.

Neste último fim-de-semana, a cidade do Cristo Rei esteve muito movimentada devido ao feriado prolongado e a uma conferência internacional da SADC que está a decorrer num dos hotéis desta cidade. "Através" dos muitos visitantes foi dificil conseguir-se um alojamento no centro da cidade, daí muitos visitantes terem sido "empurrados" para a periferia do casco urbano.

No aldeamento turístico da TAAG no Lubango, um lodge onde me encontro hospedado, o sinal da internet é lento, provavelmente, à mesma velocidade com que caminha o desenvolvimento do país.

A lentidão e as falhas constantes do sinal leva-me a questionar se estamos inseridos na chamada "aldeia global" e sobre os investimentos milionários feitos no sector das telecomunicações, com a compra de satélites e cabos de fibra óptica, cujos resultados tardam a chegar.

Localizado na parte alta da capital da Huíla, mais concretamente na Nossa Senhora do Monte, o aldeamento turístico da companhia aérea de bandeira está rodeado de uma linda cadeia montanhosa, o que me traz à memória a cidade de Windhoek, a capital da Namíbia.

Não muito distante do local do meu alojamento, foi inaugurada há escassos dias a piscina da Nossa Senhora do Monte, que durante vários anos esteve paralizada e viu a sua sobrevivência seriamente ameaçada pela famosa "política do betão armado".

Não fosse a louvável iniciativa e acção de cidadania exercida por um grupo de lubangueses, dentre os quais despontava o conhecido jornalista Horácio Reis, o espaço de lazer teria sucumbido para dar lugar um projecto de restauração.

Na altura, os intervitivos naturais e amigos do Lubango chegaram a mover uma acção judicial que, por via de uma providência cautelar, impediu que o local fosse vergado aos pés e apetites mercantilistas de uns tantos endinheirados.

Com a qualificação do local, os moradores do Lubango e os forasteiros que aportem a capital da Huíla poderão doravante desfrutar de um espaço para passeios de barco e contemplar os peixes que se passeiam alegres no espaço aquático.

Lubango é, sem dúvidas, um dos maiores pólos turísticos do país e reúne uma série de requisitos para atrair o turismo interno e estrangeiro.

Para contornar os altos preços dos alojamentos, o Governo local deveria apostar na criação de parques de campismo, espaços onde os turistas, sobretudo os jovens angolanos pudessem alojar-se, pagando quantias módicas, aceder às cozinhas comunitárias,máquinas de lavar roupa, bibliotecas, salas de multimédia, etc.

Não basta virar as atenções apenas para o turismo estrangeiro que proporciona divisas para o país, mas também começar a pensar-se no chamado "turismo do pé descalço", dos que não têm dinheiro para pagar grandes somas em hotéis, pensões e resortes, mas têm também o direito ao lazer e a fruição das belezas deste país.