Nem todos os países têm a capacidade de compor movimentos socioculturais de esplendor exuberante como o estilo barroco onde, amiúde, se confunde o falso com o verdadeiro, nem próximos ao movimento do renascimento onde tudo se explica a partir de uma origem divina.

A nossa capacidade de continuar a surpreender o primeiro mundo capitalista com puras manobras amparadas com batotices esquemáticas que permitem o enriquecimento de meia dúzia e o empobrecimento da maioria poderia, seguramente, dar lugar à época vicentina, Uma época onde há o reconhecimento da nossa capacidade de vencer e conquistar.

Seria interessante colocar uma equipa de historiadores para definir, de forma científica, as características desta época, marcada pela ingenuidade de muitos angolanos que pensa que, quando a situação já não pode piorar, ela desmelhora ainda mais. Uma espiral de surpresas, quase sempre pela negativa.

Claro que definir as características mais marcantes desta época não deverá ser uma tarefa hercúlea, e este assunto estaria fechado num fim-de-semana prolongado em estilo de sentada familiar. Um dos desafios será, sem dúvida, identificar a data de início desta época. Terá sido por altura do velho slogan "o mais importante é resolver os problemas do povo" ou de uma altura onde o chavão era "Angola Vai Vencer"?

Outro desafio será listar as principais figuras angolanas que contribuíram de forma significativa para a criação e consolidação da época vicentina. Reunir alguns deles para escrever um livro de contos intitulado "Corrigir o que está mal" poderia ajudar a consolidar a epistemologia da época vicentina.

Um outro facto interessante da época vicentina está relacionado com a faculdade de se ir escrevendo história à medida que ela se vai desenrolando bem na frente dos nossos olhos. Para tal, é preciso trabalhar de forma afincada e coordenada, pois já vimos que os santos da casa não conseguem fazer milagres.

Frente dos nossos olhos. Para tal, é preciso trabalhar de forma afincada e coordenada, pois já vimos que os santos da casa não conseguem fazer milagres.