Reli então um belo texto que uma outra nossa Amiga, Teresa Rita Lopes , dedicou ao David já morto, e que foi lido na sessão de homenagem feita ao David no Teatro Vilaret em Lisboa, a 21 de Dezembro de 1992. Teresa - dá para ver - é poeta e foi professora de Literatura na Universidade Nova de Lisboa, e ao relê-la fico sem saber se devo ficar mais enlevado com a personalidade do David ou com a argúcia afectiva, a grande identificação entre a autora e o personagem:

"...Escrever-te é trazer -te para aqui, sentar-te a esta mesa, é acender como uma fogueira aquelas conversas tuas - tão nossas - sempre a crepitar de riso, mesmo quando o assunto era para chorar. Mas agora a gente chora mesmo e não consegue meter a tua morte dentro da nossa vida e continuar como dantes. Tu dás de ombros naquela tua maneira brincalhona, a dizer euá..."

"...Ah! meu grande iniciador! Mas olha que é mesmo isso que tu és! Que sempre foste, que sempre quiseste: aprender e ensinar o que torna o homem melhor -mais vivo, mais digno, mais grande. Mas sem nenhuma mania das grandezas. Eras tu o primeiro a transformar um gesto heróico numa pirueta - para desmistificar, para ficar ao rés da terra. Precisamente porque nunca armaste em estrela, e quando subias ao trapézio para um salto mortal, não era para te aplaudirem, nem tinhas rede por baixo. Avançavas sem cuidar da retirada segura..."

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