As promessas que ainda hoje sustentam as suas existências estão desgastadas, são amorfas, sem vida, sem sentido e sem respeito pelo povo que juraram defender. Os seus programas nem no papel fazem sentido. Estão desatualizados, descontextualizados, são sempre esquizofrénicos na grandeza. Não olham para a essência. Para as sapatas da governação. Não corrigem absolutamente nada. São efémeros.

Os movimentos de libertação mostram-se fracos perante os fortes problemas da actualidade. Compreende-se que haja resistência. Não souberam evoluir fora da autoridade. Não democratizaram as suas mentes. Esta incapacidade de lidar com a passagem do tempo é responsável pela incapacidade de reconhecerem o fim de um tempo. Por isso, a manipulação política assente na carência de estratégias realistas, atraso, descompasso, descrédito são a causa da exaustão popular fruto da injustiça social.

A governação destes movimentos de libertação vai para um lado e o sentido do século XXI vai para outro. Um século pejado de desconstruções, novas alianças, novos direitos humanos, onde a principal meta é o conhecimento. As pessoas têm de estar no centro de todas as estratégias e não estão. A governação da imprevisibilidade, do retrocesso não tem espaço. Medidas políticas desajustadas com a realidade dos países. A voracidade fiscal. Madrasta que despreza a fome dos enteados.

Não se sobrevive apenas porque se tem um contexto histórico. Os movimentos de libertação não foram capazes de crescer na renovação das suas penas, garras e bico a exemplo das águias, para garantir a sua longevidade. Esta tem sido garantida pela força, pela ausência de instituições fortes e independentes capazes de contrariar o perigoso gosto e apego pelo poder que torna as pessoas incapazes de serem lúcidas.

Os terceiros mandados da desgraça de alguns líderes africanos, envelhecidos e ultrapassados, sem moral pela ausência de créditos governativos pois não se podem gabar de terem uma população feliz. É o índice de felicidade dos povos que permite avaliar o valor de qualquer governação.

Falharam na transição do passado para o presente. Trouxeram os vícios. Os conluios. A luta pela proximidade do centro de comando. A intriga. A ingratidão. Perderam as âncoras. Hoje não sabem quem são ideologicamente. Não têm um propósito assente na humanidade da governação. A dor do outro deixou de os incomodar. O outro, que representa milhões de pobres sem direitos, tornou-se um incómodo e por isso está sempre ausente das reuniões onde falam de si.

Aos movimentos de libertação da oposição, na sala de espera da chegada ao poder, falta a atitude da diferença. Falta a inovação. Falta a coragem categórica para recusarem eleições que nunca são justas, e manterem a recusa de forma sustentada. Falta a organização para cumprirem a missão de fiscalizarem as eleições, com modernidade e profissionalismo. Neste século não se pode ser alternativa na subserviência do financiamento público.

Em Angola um novo caminho precisa de ser construído que permita que novas vozes, partidos, ideias e atitudes sejam capazes de trazer futuro para esta equação. Gente limpa, nascida dos ideais da ética e da honra. Já não precisamos de políticos que a cada década se renovam debaixo das saias de outros. Estamos reféns das mesmas ideias, práticas, planos, políticas, pessoas há quase 50 anos. Temos de ser capazes de criar novos sonhos para fazer nascer um País para Todos.