O meu neto está a ficar viciado nos jogos que o telefone celular oferece. O pai também é um viciado, o que faz com que este facto não cause admiração. Mas a interacção entre eles parece-me especial.

No meu tempo dir-se-ia que é "de homem para homem". Já não estou certo se esta terminologia se pode aplicar hoje, sem ofender um sem-número de regras não escritas que espartilham a comunicação, particularmente a que se disponibiliza ao público, o que é quase toda, se tivermos em conta a vulnerabilidade dos canais que as pessoas hoje em dia usam preferencialmente para se dirigir ao outro, e como é fácil o mais privado tornar-se público.

Na boca do meu neto, a palavra Pai reincorpora toda a magia que os séculos nela acumularam. Surge simples e escorreita, sustentada numa confiança sem limites no progenitor. O meu neto ainda pensará que o pai é, naturalmente, um super-homem. Ou pelo menos a pessoa que lhe dirá sempre as coisas certas, e que o protegerá do mal.

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