Gostaria de começar por expressar a minha solidariedade e a minha fraternidade para com todas as pessoas afectadas pela Covid-19, em especial em França e em Angola. Gostaria também de prestar homenagem a todos aqueles que estão empenhados nesta luta, nomeadamente os profissionais de saúde angolanos e franceses. Posso garantir que continuaremos mobilizados ao lado dos nossos parceiros europeus e africanos, para enfrentar esta pandemia e as suas consequências para as nossas sociedades. Angola é, naturalmente, um parceiro privilegiado. Foi com um grande orgulho que eu pude, ao longo destes quatro anos, testemunhar o reforço das relações entre França e Angola. Esta aproximação conheceu um segundo impulso quando chegou ao poder o Presidente João Lourenço, que explicitamente manifestou o seu desejo de estabelecer uma cooperação sólida, vontade partilhada pelo Presidente Macron.

França investe há muito tempo em Angola em sectores do futuro, com o objectivo de permitir aos jovens de hoje construir a Angola do amanhã. Fez da juventude e da educação as suas principais prioridades. A rede Eiffel, destacada nesta edição, é um dos vários exemplos. Outro poderia ser a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). Assisti, com muito orgulho, aos primeiros sucessos da AFD, único financiador bilateral activo em Angola, cujo acordo de instalação e de lançamento das actividades assinei em 2017. Tive o imenso prazer de participar, esta semana, na assinatura do projecto de apoio à agricultura familiar entre a AFD e o Ministério das Finanças. É mais uma prova que as nossas acções e compromissos são estruturais e inscrevem-se a longo-prazo.

Após este período difícil que o mundo enfrenta, França assumirá, com Angola, o esforço comum que permitirá, assim espero eu, repensar as relações entre as nações que deverão responder a imperativos económicos, ecológicos e sociais. Estou convencido de que esta reflexão permitirá a França e aos Estados-Membros da União Europeia lançar as bases de uma cooperação renovada com os nossos parceiros africanos, e Angola, em particular, com base nos valores da solidariedade, da liberdade e da democracia.

Permitam-me, por fim, que exprima a minha emoção a título pessoal, pois este é o último 14 de Julho que festejo em Angola. Depois de quatro anos ricos e densos passados aqui, chegou a hora de navegar para outros horizontes. Durante estes anos, visitei a maioria das províncias, infelizmente não pude visitar todas, porque a situação sanitária me obrigou a mudar os meus planos. Contudo, guardarei de Angola a recordação de um país único pela riqueza das suas paisagens, a determinação e a gentileza do seu povo, pelo qual tenho muito afecto e apego. Contemplei com admiração um país cativante, ancorado na encruzilhada de múltiplas culturas.

Levou comigo os sorrisos das crianças e os sinais de amizade que Angola, que os angolanos, tantas vezes me gratificaram. A minha esposa, que é brasileira, me disse um dia: "Eu entendo o porquê que os brasileiros são tão simpáticos, isso vem dos angolanos", não poderia concordar mais. Posso também assegurar-vos de que Angola pode contar com uma comunidade francesa calorosa, dinâmica e benevolente. Deixo aqui muitos amigos angolanos e franceses e chegará o tempo em que este indefinível e intraduzível sentimento que a língua portuguesa chama «Saudade» me invadirá.

Viva a amizade entre França e Angola! Estamos Juntos!

*Embaixador de França em Angola