A CEAST, assim como todos os participantes no evento, esperavam que o Presidente da República mandasse pelo menos um representante, mas, para espanto de todos, não se fez presente no congresso da reconciliação nacional que decorre em Luanda nenhum representante do Chefe-de Estado.

O Chefe de Estado encontra-se no Hotel Intercontinental, em Luanda, na 8ª cerimónia de outorga de condecorações, no âmbito das Comemorações dos 50 anos da Independência Nacional.

O MPLA, que também recebeu o convite da CEAST, enviou para o congresso um representante, Mário Pinto de Andrade, e o Novo Jornal verificoou que no evento se encontram, a título individual, outros rostos conhecidos do partido no poder, como Norberto Garcia e Higino Carneiro.

UNITA lamenta ausência "total" do Executivo

O líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, lamentou a ausência "total" do Executivo no 1º Congresso Nacional da Reconciliação Nacional.

"Não compreendemos essa ausência. Num dia como este, tão importante para os angolanos, o Executivo cumpre uma outra agenda", disse o líder do principal partido da oposição à margem do evento, que começou esta quinta-feira, 06, em Luanda.

Adalberto Costa Júnior considera que o processo de reconciliação nacional em Angola está incompleto e responsabiliza o Governo "pelo facto de excluir cidadãos de reconhecido mérito em diversas áreas de actividade por razões político-ideológicas".

"O fracasso da reconciliação nacional em Angola tem a ver com a persistência da intolerância política, a ausência de um debate aberto, a controvérsia sobre a interpretação da história do conflito (...) e a partidarização das instituições do Estado", acrescentou.

Questionado sobre a ausência da UNITA na cerimónia de condecoração de Jonas Savimbi, respondeu que o seu partido não pode receber aquilo que não dignifica o fundador da organização.

O secretário do Bureau Político para a Reforma, Administração Pública e Autarquias do MPLA, Mário Pinto de Andrade, que representou o seu partido no congresso, disse que o processo de reconciliação nacional é fundamental para a construção de uma sociedade estável e para alcançar a paz e o desenvolvimento sustentável.

"A reconciliação é fundamental porque inclui o diálogo, o respeito pela diferença e a reintegração social", referiu, salientando que a consolidação da paz e da reconciliação nacional "são premissas fundamentais de toda a acção prática do MPLA".

De acordo com o político, a actual realidade de paz definitiva em Angola coloca ao MPLA e a todos os angolanos a responsabilidade da sua preservação e contínua consolidação, visando a garantia do normal desenvolvimento económico e social do país.

O presidente do PRS, Benedito Daniel, referiu que os angolanos devem trabalhar para a preservação da paz e da reconciliação nacional, em virtude de serem marcos conquistados com muito sacrifício.

O reverendo Ntony-A-Nzinga espera que do congresso saia um acordo que abra caminho para o verdadeiro processo de reconciliação nacional.

"Os angolanos devem ter visão comum, para ultrapassarmos todos os problemas que nos dividem", referiu.

O Congresso da Reconciliação Nacional é um evento organizado pela Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) para celebrar os 50 anos da independência de Angola, com o objetivo de promover um diálogo sobre a unidade e o perdão no país.

O congresso foi enquadrado nas comemorações dos 50 anos da independência e no "Jubileu da Esperança", inspirado na ideia bíblica de reconciliação, perdão e recuperação das relações comunitárias.

Participam no evento várias figuras públicas, incluindo líderes religiosos e políticos, assim como representantes da sociedade civil e vários cidadãos.