Para além do anfitrião, João Lourenço, nesta Cimeira de Luanda, participada essencialmente pelos países vizinhos da RDC, embora abrangendo Estados-membros das comunidades de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e da África Central (CEEAC), vão estar os Chefes de Estado do Gabão, dos dois Congos, Democrático e Brazzaville, do Ruanda, do Uganda e ainda o presidente da Comissão Africana, o tchadiano Moussa Faki Mahamat.

Recorde-se que nesta Cimeira vão estar os líderes actuais das organizações sub-regionais e dos seus órgãos mais importantes em matéria de estabilidade política e de segurança, como o Presidente do Gabão, Ali Bongo, que lidera a CEEAC, do Ruanda, Paul Kagame, Presidente da União Africana, e o anfitrião, João Lourenço, que dá a cara pelo Órgão de Cooperação Política, Defesa e Segurança (OCPDS) da SADC, um dos organismos que mais tem estado na linha da frente dos esforços em curso para estabilizar a sub-região, e o Chefe de Estado ugandês, Yoweri Kaguta Museveni, este porque o seu país é um dos pontos focais no que toca à estabilização da Região dos Grandes Lagos e do leste da RDC.

Em cima da mesa vão estar algumas questões relacionadas com a situação política nas duas sub-regiões africanas, austral e central, como as crises da RCA e do Sudão do Sul, mas o foco principal dos Chefes de Estado e das comunidades de países e organismos continentais que representam é a RDC, que viu, na semana passada, serem dados passos decisivos para que o processo eleitoral em curso, cujas eleições estão marcadas para 23 de Dezembro, corra de forma pacífica, ao contrário do que se temia.

O que se anuncia para esta Cimeira de Luanda é o reforço de uma ideia antiga mas com, ainda, escasso sucesso prático, que passa por concentrar entre os africanos a procura de soluções para os problemas do continente, havendo mesmo alguns sucessos, como é disso exemplo a recente crise no Lesoto, onde o esforço regional liderado por Angola superou as dificuldades e estabilizou o pequeno reino encravado no centro-nordeste da África do Sul, após sucessivas décadas de instabilidade politico-militar.

Mas o foco principal deste encontro de Luanda é a RDC, que, depois de mais de dois anos a alimentar dúvidas e a tensão interna, o Presidente Joseph Kabila, que também vai estar presente em Luanda, optou por sair de cena e não forçar uma candidatura, que seria a terceira e, por isso, ilegal face ao disposto na Constituição congolesa.

Kabila optou por indicar o seu antigo ministro do Interior, Ramazani Shadary, como candidato do seu partido e coligação que o apoiou nos últimos anos, abrindo caminho para eleições menos tumultuosas, visto que a oposição já tinha ameaçado com o regresso da violência se Kabila fizesse questão de manter a sua candidatura.

Com este passo, em vez de vir a Luanda ouvir críticas dos seus homólogos, Kabila deve ouvir elogios públicos e ser apontado como exemplo em África.

Recorde-se que João Lourenço assumiu, enquanto Presidente do país com a mais larga fronteira com a RDC e líder do OCPDS da SADC, um papel decisivo nos esforços diplomáticos para normalizar a situação política na RDC que, depois de Kabila ter adiado por duas vezes a realização das eleições, que deviam ter tido lugar em Dezembro de 2016, assistiu a situações de violência extrema, deixando um rasto de mais de 300 mortos.

Esta Cimeira de Luanda antecede a importante Cimeira de Chefes de Estado e de Governo marcada para 17 e 18, próximas quinta e sexta-feira, em Windhoek, na Namíbia, onde o tema estará igualmente em cima da mesa.