A posição dos parlamentares do maior partido da oposição foi manifestada no Bairro Maiemaie, em Cacuaco, onde realizaram uma campanha de sensibilização sobre a prevenção contra o coronavírus, procedendo à doação de produtos da cesta básica e materiais de biossegurança.

Os beneficiários são famílias carenciadas que estão a enfrentar enormes dificuldades devido às restrições impostas a todos os cidadãos em função da pandemia da Covid-19 que já infectou 16 angolanos, entre estes duas mortes, e tem como foco das críticas populares o impedimento de circulação, essencial para que muitos milhares de pessoas consigam diariamente ganhar o suficiente se alimentarem e às suas famílias.

Em declarações à imprensa, a segunda vice-presidente da bancada parlamentar do partido do "Galo Negro", Navita Ngolo, afirmou que, face à situação por que passam os populares que estão impedidos de fazer o negócio diário para a sobrevivência, é necessário "accionar o apito da solidariedade". Para além do Maiemaie, a campanha também foi realizada no bairro do Rio Seco.

Nos dois bairros que estão por detrás da Centralidade do Sequele, os seus habitantes não beneficiam de água potável nem luz eléctrica, as famílias moram em casas de chapa, e algumas em obras inacabadas, o que constitui um cenário inapropriado para lidar com a ameaça da pandemia da Covid-19.

"Como vêm estas comunidades estão adjacentes a uma centralidade e a pobreza é o seu cartão de visita. São comunidades que já sabemos que passam mal, estão a passar fome, e algumas por vezes só comem quizaca porque têm uma lavra, mas há aqueles que não têm mesmo nada para comer", descreveu Navita Ngolo.

Segundo a deputada, há várias comunidades nos municípios de Viana, Cacuaco, nos Ramiros e em outras partes do país que precisam de ser apoiadas com cesta básica para evitar o pior.

Para a dirigente da UNITA, o Governo não deve "fingir" que desconhece a existência dessas famílias que passam dias sem comida ou mesmo sem água para higienizar as mãos.

"Sabemos que só estamos há 11 dias nesta situação e este período ainda vai, provavelmente, ser prorrogado e não podemos parar por aqui, a sociedade não pode parar por aqui, o Executivo, sobretudo, deve fazer a sua parte, os recursos são poucos mas é preciso não permitir que as pessoas para além de morrerem da Covid-19, morram à fome", apontou.

"Independentemente da questão económica, dos preços do petróleo que baixa, Angola não se pode dar o luxo de deixar a sua população morrer à fome", acrescentou.

A eleita da UNITA reiterou que o seu Grupo Parlamentar juntou-se aos esforços da sociedade e do Executivo, "porque, agora, todos temos que nos unir para mitigar algumas necessidades das comunidades. Há mesmo quem tenha falta de água, quando a regra principal para se prevenir a doença é lavar as mãos frequentemente com água e sabão".

Tal como os restantes partidos com assento parlamentar, a UNITA também votou favoravelmente a declaração do estado de emergência pelo Presidente da República aquando da consulta feita por este à Assembleia Nacional que, constitucionalmente, antecede essa mesma declaração.