O receio é justificado com o facto de, nos últimos dias, líderes religiosos de várias confissões estarem a organizar cultos ecuménicos dedicados ao cabeça de lista do MPLA nas eleições de 23 de Agosto.

Na opinião do porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, os cultos ecuménicos são importantes se não visarem apoiar uma determinada força política.

"Infelizmente ainda existem em Angola algumas igrejas incapazes de se distanciarem da política. A política aos políticos e a igreja a Deus e aos crentes", defendeu.

O dirigente do partido do "Galo Negro" diz ser essencial que as diferentes igrejas "evitem a promiscuidade com alguns que procuram confundir as mentes dos seus seguidores cristãos".

"Seja como for, cada um é livre, enquanto cidadão, de fazer as suas opções políticas. O que tem de ser respeitado é a Lei" argumentou, salientando que "o ecumenismo tem de estar ao serviço da concórdia, da paz e da tolerância" e não desta ou daquela força política ou candidato.

Para o membro da CASA-CE, António Junqueira, os líderes religiosos não devem envolver-se directamente na campanha eleitoral, mas em outros tipos de programas que tragam benefícios para a sociedade.

"Hoje observamos líderes religiosos a encabeçarem marchas de apoio a determinados candidatos com essas marchas a culminarem em cultos ecuménicos", criticou.

O membro do Partido da Renovação Social Armando Junjo entende que, quando um líder da igreja apoia abertamente um candidato ou um partido político ou uma coligação, "está a violar a Constituição".

"Não é permitido por lei fixar material de propaganda nas igrejas ou nos respectivos recintos. A Deus o que é de Deus e a Cesar o que é de Cesar", apontou.

Recorde-se que 12 152 assembleias de voto vão funcionar nas eleições gerais do dia 23 de Agosto de 2017, segundo mapeamento definitivo aprovado pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE).

A CNE aprovou também 25 mil e 475 mesas de votos em todo o país.

Estas são as 4ªs eleições por voto directo e universal desde que Angola optou pelo multipartidarismo em 1991.

As eleições gerais de 23 de Agosto contam com seis forças políticas a disputar os 220 lugares no Parlamento e ainda a eleição do Presidente da República e do Vice-presidente, que são, respectivamente, o primeiro e o segundo nome das listas apresentadas pelo círculo nacional.

Vão estar na disputa pelos votos dos 9,3 milhões de eleitores, conforme o sorteio que ditou a disposição no boletim de voto, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que propõe Isaías Samakuva para Presidente da República, a Aliança Patriótica Nacional (APN), cujo cabeça de lista é Quintino Moreira, o Partido da Renovação Social, cuja aposta para a Presidência é Benedito Daniel, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que tem João Lourenço para substituir José Eduardo dos Santos na Cidade Alta, a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), com Lucas Ngonda a liderar a lista; e a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), que apresenta Abel Chivukuvuku para Chefe de Estado.

O círculo nacional elege 130 deputados e os círculos das 18 províncias elegem 90, cinco deputados por cada uma delas, contando a Comissão Nacional Eleitoral com 12 512 Assembleias de Voto reunindo um total de 25 873 Mesas de Voto.

As eleições gerais de 23 de Agosto vão contar com 12 152 assembleias de voto, tendo a CNE aprovado também 25 475 mesas de votos em todo o país.