Face a este inusitado gesto por parte do proprietário do imóvel, um senador queniano, James Mutama, que, pela natureza da sua posição deve conhecer bem as normas internacionais que regem as relações e as representações diplomáticas, toda a actividade da chancelaria angolana foi suspensa até que o diferendo seja resolvido ou que sejam encontradas novas instalações.

Recorde-se que a Embaixada de Angola em Nairobi está há pelo menos dois anos envolta numa sucessão de polémicas, desde logo o caso do anterior embaixador Marques de Faria, que, em Novembro de 2016, como o Novo Jornal Online noticiou na ocasião, viu o seu nome envolto numa forte polémica com os funcionários quenianos devido a cinco meses de atraso no pagamento de salários enquanto o diplomata viva em permanente luxo e por se recusar a recebê-los para discutir o assunto.

De acordo com a imprensa queniana de então, o embaixador angolana vivia no mais caro hotel de Nairobi mas não pagava os salários dos funcionários.

Já em Dezembro de 2017, foi divulgada a existência de uma dívida superior a 3,5 milhões de dólares aos funcionários em salários e nas rendas dos imóveis ocupados pelos diplomatas angolanos na capital queniana.

Neste momento, quando Angola tem um novo embaixador no Quénia, Syanga Abílio, já nomeado pelo Presidente João Lourenço, o problema das dívidas está a emergir, apanhando de surpresa o estranho fechamento a cadeado da chancelaria.

Depois de colocar cadeados das portas, o proprietário do imóvel impediu ainda que fossem retirados quaisquer objectos do seu interior, inclusive do embaixador Syanga Abílio, que se encontrava num encontro de representantes dos países junto das instalações da ONU em Nairobi, cargo para o qual tinha feito entrega das cartas credenciais há apenas alguns dias.

Citado pela Angop, o director para África e Médio Oriente do Ministério das Relações Exteriores, Joaquim do Espírito Santo, informou que já foram dado os passos para a apresentação de uma "Nota Verbal de Protesto ao Ministério dos Negócios Estrangeiros" queniano.

Isto, porque, ao abrigo de todas as disposições internacionais, para todos os efeitos, com atraso no pagamento das rendas ou não, a embaixada é "território nacional" que não pode ser violado.

Também a embaixada queniana em Luanda recebeu uma comunicação do Ministério das Relações Exteriores angolano a pedir uma explicação para a invasão de território nacional como o é juridicamente e ao abrigo do Direito internacional, o espaço da embaixada.