Em declarações aos jornalistas, João Lourenço, sublinhando a importância das relações entre os dois países, adiantou que o ministro das Finanças, Archer Mangueira, viaja para Brasília dentro de dias com a questão da retoma dos financiamentos brasileiros no topo da agenda.

Esta visita assume especial importância porque o Brasil foi, até há pouco tempo, um dos grandes financiadores de projectos em Angola, nomeadamente através das linhas de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social).

O BNDES deixou de investir em Angola no âmbito do escândalo de corrupção "Lava Jato" que envolveu as grandes empresas brasileiras e o próprio banco e que, entre outras consequências, levou a Odebrecht a retirar-se de quase todas os projectos em Angola, sendo o último exemplo a venda da sua quota na Sociedade Mineira da Catoca.

Ao contrário do que fez após o encontro com o primeiro-ministro português, com quem se encontrou na terça-feira à noite, João Lourenço não delegou no ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, a responsabilidade de resumir a conversa perante os jornalistas.

Archer Mangueira, adiantou o Presidente da República, "deve chegar a Brasília dentro de dois ou três dias para, ao nível de ministros ministros, começarem a trabalhar no sentido da retomada da linha de financiamento do Brasil, que é suportada pelo BNDES".

Anunciou ainda que aproveitou o encontro para agradecer a Michel Temer o convite para visitar oficialmente o Brasil e sublinhou que a prioridade de Angola "é financiar as obras públicas de grande envergadura", exemplificando com as infra-estruturas nos sectores da construção, da energia e águas, mas "sobretudo em barragens hidroeléctricas".

João Lourenço lembrou ainda a qualidade das relações entre os dois países, enfatizando o facto de a amizade e a cooperação com o Brasil remontar quase à data da independência de Angola, há 42 Anos.

Como o Novo Jornal Online noticiou, foi o próprio BNDES que comunicou a sua decisão de se retirar de países como Angola ou Moçambique, ao mesmo tempo que as multinacionais brasileiras como a Odebrecht se retiravam de mercados africanos e sul-americanos para realizar capital necessário depos dos problemas surgidos com a operação "Lava Jato".

Um dos maiores projectos financiados pelo Brasil foi a barragem de Laúca, do qual também saiu a Odebrecht.