Referindo-se às duas empresas, a espanhola INDRA, e a portuguesa SINFIC, contratadas pela CNE para apoiar o processo eleitoral, com destaque para a realização dos cadernos eleitorais e diversos suportes informáticos e tecnológicos inerentes à votação, Isaías Samakuva, considerou que são parte do universo de dúvidas que tolhem a credibilidade do processo eleitoral que a 23 de Agosto próximo vai decidir quem é o novo Presidente da República.

Sublinhando que a contratação da SINFIC e da INDRA está, também, na génese desta manifestação, o líder do "Galo Negro" voltou a destacar o desconforto do seu partido com estas duas empresas enquanto parte de todo o processo eleitoral.

"São empresas que já estão connosco desde 2008 e nunca foram sérias. Estamos cansados de abusos e de faltas de respeito", afirmou Samakuva, referindo-se claramente às duas empresas cuja adjudicação directa para o processo eleitoral é encarado como suspeita pela UNITA e outras forças da oposição no sentido em que são acusadas de integrarem um esquema que visa a "fraude eleitoral" a favor do partido do Governo.

E, em crescendo no tom das críticas, lembrou que o candidato do MPLA o actual ministro da Defesa, João Lourenço, tem interesses na contratação das duas empresas.

Ainda no mesmo tom, apontou a recente polémica que envolveu um dos filhos do Presidente José Eduardo dos Santos que gastou meio milhão de euros numa cerimónia no Sul de França dedicada à solidariedade, notado que um jovem que não trabalha "tem de justificar como é que possui tanto dinheiro"

"Estamos fartos de corruptos", disse Samakuva, garantindo que se a UNITA ganhar as eleições "vai acabar rapidamente com a corrupção e os corruptos".

Quando já estava na sua fase final, a manifestação, num balanço relativo à segurança, não tinha quaisquer registos, estando esta a ser garantida por centenas de agentes da Polícia Nacional, incluindo da PIR, das brigadas caninas e a cavalo, e ainda da Polícia Militar, com apoio de equipas do Serviço de Bombeiros e Protecção Civil (SBPC) de Luanda.

A manifestação foi convocada para hoje, em todas as províncias do país, com o objectivo de exigir eleições gerais transparentes. Não há registos de incidentes em nenhuma das manifestações.

A Polícia Nacional, na sexta-feira, garantiu ao Novo Jornal online que estava tudo preparado para evitar quaisquer tipos de problemas.

O Novo Jornal online falou também com Lourenço Bento, Secretário para Comunicação da UNITA, que adiantou que "foram informadas as autoridades sobre os locais da manifestação, pois não queremos criar instabilidade nem causar tumultos".

"A nossa manifestação é para obrigar a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) a usar a transparência e a legalidade durante as eleições. Queremos que as eleições sejam justas e sem constrangimentos", referiu.

Esta manifestação nacional surge no seguimento das reclamações da UNITA, que exige que a CNE inicie novo processo contratual das empresas para prestar apoio tecnológico às eleições gerais, agendadas para 23 de agosto.

Em causa estão alegadas ilegalidades no procedimento contratual de duas empresas, SINFIC e INDRA, para a elaboração dos cadernos eleitorais e o credenciamento dos agentes eleitorais, bem como o fornecimento de material de votação e da solução tecnológica. As empresas são as mesmas que foram contratadas nas eleições de 2012.