O professor universitário Alfredo Samuel Vinco, que acompanhou atentamente a declaração política da UNITA, deu razão aos argumentos desta formação política que considera a dívida pública como principal fonte de instabilidade macroeconómica do país.

"Lamentamos ouvir que as contribuições deste principal partido da oposição não tenham sido tidas nem achadas pelo partido que domina o parlamento", disse.

O sindicalista João Panzo Ungo também apoia a declaração política da UNITA. Segundo ele, a percentagem elevada atribuída à Casa Militar da Presidência da República em detrimento dos sectores da Educação e Saúde "é falta de consideração por estes dois sectores sociais indispensáveis".

"Já não temos guerra no país, não há motivos para o Executivo atribuir uma percentagem elevada à Casa Militar da Presidência da República", adicionou.

O membro do MPLA, Carlos Fayta, não concorda com a atitude da UNITA, que "nunca aprovou o Orçamento Geral do Estado (OGE) em Angola" alegando sempre insuficiência na sua elaboração.

"Não sabemos qual é o OGE que a UNITA vai aprovar um dia. Para mim, o primeiro Orçamento do Presidente João Lourenço, que teve aval apenas do MPLA, deveria ser aprovado por todos os partidos políticos da oposição", afirmou.

De acordo com este membro, as contribuições avançadas pela oposição e outros parceiros sociais no que diz respeito ao sector social foram consideradas pelo partido que governa o país.

O deputado do MPLA, Pedro Diavova, disse que antes da aprovação global do OGE as várias comissões da Assembleia Nacional auscultaram os parceiros sociais.

"Os encontros entre os parceiros sociais, o Executivo e os deputados, que apresentaram os seus contributos valiosos para o debate sobre o OGE 2018, foram muito produtivos", afirmou, lamentando o voto contra da UNITA.

Para o politólogo Sebastião Kauanga Paulo, o OGE 2018 foi razoável em relação aos aprovados no Executivo cessante, que raramente aceitavam as contribuições da sociedade civil e dos partidos da oposição.

"Pelo menos, neste OGE houve muitas reclamações por parte da sociedade civil, políticos (...), sindicalistas, professores e enfermeiros no que diz respeito a percentagem atribuídas ao sector da Educação e da Saúde. Felizmente, o Governo aceitou as críticas e sugestões e isso é muito bom", destacou.

Para o membro da CASA-CE, Tomás Silveira Paulo Queba, a abstenção do seu partido servirá de reflexão por parte do Governo e do partido MPLA.

"Compreendemos o momento económico que o país atravessa. Para além da Educação e da Saúde, que sofreram incrementos, embora não significativos, alguns sectores deveriam ser reforçados também", defendeu.

O jurista Almeida Panda espera que nos próximos orçamentos o sector da Justiça receba uma percentagem condigna. " A procuradoria-Geral da República anda em greve, outros sectores da Justiça enfrentam problemas de vária ordem. Como é que o Executivo afirma combater a corrupção enquanto estes sectores estão "doentes"?", questionou.