O encontro, que decorreu no Centro de Conferências de Talatona (CCT), em Luanda, e teve como objectivo ouvir empresários, líderes religiosos, académicos, representantes da juventude e jornalistas sobre o impacto da covid-19 na economia angolana, durou perto de uma hora e meia.

Foram seleccionados oito representantes da sociedade civil, que apresentaram ao Presidente a sua visão sobre o impacto da covid-19 na economia do País, numa sala composta por 150 pessoas, muitas dos quais membros do Executivo.

Laurinda Hoggard representou os académicos, Fernanda Azevedo, a Federação das Mulheres Empresárias e Empreendedoras de Angola, Rameiros Barreira, os hotéis, Tingão Mateus, o Conselho Nacional da Juventude, Teixeira Cândido, os jornalistas, Filipe Zau, as instituições de ensino superiores privadas, Paulo de Carvalho, os sociólogos e a Reverenda Deolinda Teca, que falou em nome das igrejas cristãs de Angola.

Rameiros Barreira pediu ao Executivo financiamentos, reforma do IVA, aumento da capacidade produtiva, aquisição de meios de transporte, formação profissional, vistos para os turistas e transparência no PIIM, bem como a fiscalização no pagamento da "chamada gasosa" e o aumento do consumo interno de bens e serviços.

Teixeira Cândido, que representou os jornalistas, falou das dificuldades do sector da comunicação social, propôs a compra da publicidade institucional pelo Estado devido à falta de anúncios, dos incentivos, legalmente previstos, do modelo de financiamento dos órgãos de comunicação social pública, da falta de correspondentes no estrangeiro e da formação dos jornalistas e a sua empregabilidade.

Tingão Mateus, que falou em nome do Conselho Nacional da Juventude (CNJ), disse que os jovens são apontados como as principais vítimas do impacto do novo Coronavírus.

O académico Filipe Zau, lamentou o não cumprimento do pagamento das cobranças de propinas, autorizado pelo Governo, enquanto vigorava o estado de emergência, e realçou que o mesmo não foi cumprido, colocando em risco milhares de postos de trabalho.

"Em decreto, o Governo orientou a cobrança iniciar no período em que foi decretado o Estado de Emergência (Março), devendo as instituição privadas cobrar até um máximo de 60 por cento das propinas mensais, e as comparticipadas até 25 por cento. Este decreto não foi cumprido, colocando em risco milhares de postos de trabalho", lamentou.

"Muitas instituições universitárias privadas que receberam créditos dos bancos e cuja a garantia é o pagamento de propinas dos estudantes, hoje têm dificuldades para fazer a devolução. Eles pagam juros não bonificados", afirmou.

O Governo, segundo Filipe Zau, confunde as instituições de Ensino Superior privadas com a cesta básica" em termos de preços vigiados.

"A propina de uma creche é mais cara que um curso de medicina", declarou.

Reacções dos políticos

O líder da CASA-CE, André Mendes de Carvalho, elogiou a iniciativa do Presidente da República, João Lourenço, sublinhando que é hora do Executivo abraçar uma liderança política que visa realizar as funções reais do Estado.

"A pandemia da Covid-19, provocou uma crise humanitária sem precedentes que com certeza está fazer-se sentir tanto na esfera social como económica de todas as nações do mundo. Angola não é excepção", disse o presidente da CASA-CE.

De acordo com o político, torna-se necessário criar uma agenda que facilite um modelo de crescimento económico mais virado para o sector privado e para a criação de um ambiente de negócios mais favorável.

Já a vice-presidente da UNITA, Arlete Chimbinda, disse que com Covid-19, Angola apresenta uma alta inflação na oferta de bens e serviços internos, tendo sublinhado que o ambiente de negócios é pouco favorável.

"O estado de emergência acirrou as debilidades no fornecimento dos serviços sociais, tais como o abastecimento de água potável, energia eléctrica, saneamento básico e o desemprego de milhares de angolanos", enumerou.

De realçar que neste encontro o Presidente da República, João Lourenço, deu a conhecer também que o País já liquidou toda a sua dívida com o Brasil.